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quinta-feira, 25 de junho de 2020

LIVRO: O TIRADENTES UMA BIOGRAFIA DE JOAQUIM JOSÉ DA SILVA XAVIER


postagem 15
Tiradentes : uma biografia de Joaquim José da Silva Xavier


Apropriada para os mais diferentes fins desde o começo do período republicano, a figura de Tiradentes adquiriu o status de mito, mas curiosamente não havia ainda uma narrativa histórica que tivesse por centro a sua vida. Uma das causas dessa ausência é sem duvida a parca documentação disponível sobre o " mártir da inconfidência. "

É de grande dimensão o resultado obtido por Lucas Figueiredo: com recursos a uma pesquisa abrangente em acervos nacionais e estrangeiro, e às descobertas mais recentes da historiografia, o autor reconstitui a trajetória do alferes, desde a sua experiencia familiar, os anos de juventude, quando foi mascate, o trabalho no baixo escalão dos oficiais - enfrentando as engrenagens da burocracia estatal - , o oficio paralelo de tratar (e tirar) dentes, até seu envolvimento na Conjuração Mineira.
 Em paralelo, descortina-se um retrato vivido das Minas Gerais e do Rio de Janeiro do Século XVIII: seus personagens, acontecimentos,e a circulação dos ideais revolucionários.
Deixando para trás as especulações e os relatos fabricados, e unindo verve literária e rigor histórico, este livro é um trabalho impar de investigação, que dá a Tiradentes a dimensão humana apagada na formação de sua história.

Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi um mártir da Inconfidência Mineira e seu dia é celebrado em 21 de abril desde 1965. Ele foi enforcado em 21 de abril de 1792, na praça da Lampadosa ( atual Praça Tiradentes ),  no Rio de Janeiro.


praça Tiradentes centro do Rio de Janeiro


Tiradentes esquartejado, de Pedro Américo, 2,70 X 1,65 M, 1893, Museu Procópio, Juiz de Fora, MG


Segundo a historiadora de arte, Maraliz Christo, a tela de Pedro Américo foi rejeitada pela critica em sua primeira aparição pública, no Rio de Janeiro, em 1893.O quadro, longe de mostrar um herói em ação, o retrata morto, aos pedaços, fugindo dos cânones republicanos de sugerir uma visão de futuro, do herói vivo ou revivido nos ideais do novo regime que se implantava. A imagem assustadora de Tiradentes esquartejado foi adquirida pela prefeitura de Juiz de fora por intermédio de um vereador que coordenava o Museu Mariano Procópio. Lá permaneceu esquecida por cinquenta anos quando, em 1943, foi reproduzida no livro biográfico de Pedro Américo, escrito por Cardoso de Oliveira.

livro biográfico de Pedro Américo, escrito por Cardoso de Oliveira


A tela de Pedro Américo traz, contudo, alguns símbolos que reforçam a representação mítica de Tiradentes. Além da aparência de Cristo, o crucifixo ao lado da cabeça reforça a semelhança do herói martirizado com Jesus supliciado. A cabeça decepada e o corpo esquartejado sobre o cadafalso, como sobre um altar, destacam a violência do sistema colonial e também evocam a traição de que Tiradentes fora vítima. Traído por Joaquim Silvério dos Reis, o novo Judas, e também pelos companheiros que se acovardaram e deixaram cair sobre ele toda a culpa. Culpa que ele assumiu de boa vontade – fatos que calavam profundamente no sentimento popular, marcado pela religiosidade cristã.
A pintura de Pedro Américo deu continuidade à mitificação e heroicização de Tiradentes. Em 1949, Portinari pintou “Os despojos de Tiradentes no caminho de Minas” mantendo a aproximação com a simbologia religiosa. O painel mostra os pedaços do corpo pendendo de postes e mulheres ajoelhadas que lembram a cena do Calvário.


Painel Tiradentes, detalhe, Cândido Portinari, 1949, Salão do Memorial da América Latina, SP.

 A força do mito atravessou décadas e marcou outras datas contemporâneas: a inauguração de Brasília, a nova capital da República, em 1960 e o anúncio da morte de Tancredo Neves, o primeiro presidente civil eleito depois do regime militar. A notícia do óbito presidencial, em 21 de abril de 1985, associou Tiradentes ao presidente que prometia a instauração da liberdade e a democracia. Três dias depois, comentava Eliakim Araújo no programa Globo Repórter (24/04/1985): “Esta noite, quando a histórica São João Del Rei enterrou o seu presidente, reuniu num só destino dois filhos ilustre de seu chão: Tancredo de Almeida Neves e Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Patrono cívico da Nação brasileira”. O mito alimentava outro mito.


Diferente do que mostram as imagens dos livros didáticos, Tiradentes nunca usou barba e cabelos longos, por ser militar, o máximo que poderia usar era um discreto bigode. Na hora do enforcamento, ele estava de cabelo raspado e barba feita, Após o enforcamento, seu corpo foi esquartejado. As 4 partes foram postas em alforjes com salmora, para serem exibidas no caminho entre Rio de Janeiro e Minas Gerais. Sua cabeça ficou exposta em um poste, em praça pública. Na terceira noite, foi roubada e nunca mais encontrada. A casa de Tiradentes em Vila Rica foi demolida e o chão,salgado para que nada brotasse naquele solo.




Análise gráfica de Tiradentes Esquartejado: O infográfico acima traz mais detalhes sobre o quadro

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