POSTAGEM 34
primeira parte
Brasil pré-colonial
A expansão portuguesa
A revolução comercial iniciada mais ou menos
no século XI, na Europa possibilitou mudanças no sistema feudal, até então
vigente. Com o desenvolvimento do comercio foram surgindo também as cidades
como fator importante para o comercio. A economia do antigo sistema feudal era
a de subsistência, ou seja, agrícola não havendo também o monetarismo
“dinheiro”. Foi a partir desse contexto que as trocas comerciais passaram a ser
cada vez mais intensa baseada agora na economia monetária. Nesse momento com o
surgimento e desenvolvimento do comercio aparece outra classe social, a chamada
burguesia comercial. Essa burguesia é que vai juntamente com os reis vão
centralizar o poder político.
Foram através das centralizações dos podes que
surgiram os Estados Nacionais. Portanto, Portugal se torna o primeiro país a
centralizar o poder na figura do rei, com isso facilitou as atividades
comerciais já que nesse momento era o seu maior interesse. Com a monopolização
do comercio no Mediterrâneo pelos italianos foi necessário encontrar novos
territórios para realizar comercio, isto foi um dos mais importantes fatores da
expansão marítima dos Europeus entre os séculos XV e XVI, especialmente
Portugal. A expansão portuguesa teve início quando a nação se lançou no
atlântico em busca de comercio, isto no início do XV, quando o reino de
Portugal decide ocupar Ceuta, um importante centro de comercio mouro localizado
no norte do continente africano no ano de 1415. Ceuta era também um importante
centro comercial de Marrocos, tratava-se, portanto de rotas transaarianas que
traziam metais preciosos como o ouro e produtos orientais vindos do Egito e do
Sudão, uma região da Ásia.
Dando continuidade à expansão no atlântico,
navegadores portugueses foram multiplicando as descobertas de novos territórios
ao longo da costa do continente africano esses novos territórios eram os
seguintes: Ilhas de Porto santo, Madeira, dos Açores e do Cabo verde. Em 1488,
Bartolomeu Dias conseguiu ultrapassar o extremo sul da África, esse local
denominado de Cabo das tormentas, contudo o rei mudou o nome para Cabo da boa
esperança. Mas em 1498, Vasco da Gama seguindo a mesma rota de Bartolomeu Dias,
passando pelo cabo da boa esperança finalmente consegue chegar até as Índias.
Outra expedição organizada em
1500, sob o comando de Pedro Álvares Cabral em direção a Índia e depois de uma
mudança de rota, alcança o que seria o litoral brasileiro em 22 de abril de
1500. Pré-colonial ou América portuguesa O Brasil e o descobrimento Depois de
desvio da rota que levaria até as Índias em 22 de Abril de 1500, a esquadra
comandada por Cabral aporta no litoral brasileiro. A primeira exploração feita
na nova terra foi realizada pela própria esquadra de Cabral, navegando em
direção ao norte a procura de um porto onde suas caravelas ficassem abrigadas.
O lugar escolhido foi batizado de Porto
seguro, hoje litoral do estado da Bahia. Os portugueses permaneceram na região
durante uma semana e nesse período eles batizaram com o nome de terra de Vera
cruz e também mantiveram contatos com os habitantes. E com o intuito de assinalar
a posse da terra fora erguida uma cruz com o brasão do rei, havendo depois uma
mudança em relação ao nome deixando de ser terra de Vera cruz, passando a ser
chamado de terra de Santa cruz, novamente substituída em favor do nome Brasil
que desde então se tornou definitivo. Antes mesmo do prosseguimento da viagem
em direção as índias, no dia dois de maio um navio foi mandado de volta a
Portugal levando a notícia da descoberta da nova terra.
A exploração do
pau-brasil
Por ser já conhecida na Europa e
ter em abundância no litoral brasileiro o pau-brasil passou a ser a primeira
riqueza que de fato os portugueses começaram a explorar. O pau-brasil era usado
na fabricação de corantes por países europeus, apesar da comercialização da
madeira não ser tão vantajosa, aos produtos como: as especiarias e os artigos
de luxo vindos do oriente, contudo, o governo português tratou o mais breve
possível fazer do comercio pau-brasil uma exclusividade da coroa Lusitana.
Essa exclusividade portuguesa
estava no direito de somente esse produto ser explorado por pessoas autorizadas
pela coroa através de concessões e a primeira concessão foi dada a Fernão de
Noronha em 1503, em troca este comerciante tinha que construir uma fortaleza,
também enviar ao Brasil até seis navios por ano. A exploração do pau-brasil,
fora meramente extrativa, ou seja, não tinha o caráter de colonização efetiva.
Todo o processo de extração da madeira, desde o corte até o embarque era feito
pelos indígenas, no chamado escambo no qual se trava de uma troca, os indígenas
retiravam a madeira e recebiam objetos como: machado, facas, roupas, espelhos
etc.
As invasões
estrangeiras
Durante as três primeiras
décadas, desde o descobrimento do Brasil, não teve a efetiva ocupação do
território, por isso era alvo de invasões estrangeiras especialmente os
franceses que reconheciam a posse lusitana da região. E nos primeiros anos da
descoberta era frequente a presença de franceses em busca também do pau - brasil.
A reação do governo português foi tentar impedir, tais invasões organizando
expedições que pudessem inibir a presença destes invasores. Dentre essas
expedições estava a de Cristóvão Jaques em 1516, que fundou uma feitoria
Itamaracá, atualmente Pernambuco essas ações se perduraram por mais dez anos,
perseguindo os franceses que vinham em busca do cobiçado pau-brasil.
Os indígenas
brasileiros
Os povos indígenas já existiam aqui no Brasil
bem antes da chegada da chegada dos portugueses. Oriundos de povos vindos da
Ásia que chegaram ao continente americano, através do estreito de Bering, uma
parte que aproxima os dois continentes, pois é a teoria mais aceita pela
comunidade cientifica, dessa forma foi povoado todo o continente americano.
Contudo no Brasil este povoamento ocorre, tardiamente aproximadamente entre
nove a dez mil anos.
As organizações econômicas predominantes entre
os indígenas, evidentemente aram a caça, a pesca e a coleta de frutos e raízes
etc. Na relação com os brancos de início foi pacifico, uma vez que os primeiros
contatos entre os dos povos foram cordiais de 1500 a 1530, período que Portugal
ainda não tinha iniciado o processo de colonização, dentro desse contexto o
indígena foi usado no comercio do pau-brasil no sistema de escambo que se dava
da seguinte maneira: os indígenas cortavam a madeira e traziam até o ponto de
embarque geralmente nas feitorias, onde recebiam objetos como facas, machados,
pentes dentre outros. O que viria a mudar tempos depois com o processo de
colonização principalmente do litoral mais adiante o interior do Brasil. Quanto
à contribuição herdada dos povos indígenas, está na própria formação da
sociedade brasileira, tanto nos costumes, na cultura um exemplo disso está
culinária, danças e também nas palavras que compõe nosso idioma.
Brasil
colônia ou América portuguesa:
A
ocupação do litoral e os sistemas administrativos:
Capitanias
hereditárias:
Com a necessidade de colonização
das terras da América pelos portugueses em 1530 o rei envia para o Brasil a
expedição de Martim Afonso de Sousa, cujo objetivo era formar núcleos de
povoamento ao longo da costa brasileira evitando para evitar a presença de
franceses em domínio português. Por volta de 1532, o próprio Martim Afonso de
Sousa funda a vila de São Vicente que na verdade foi a primeira vila
brasileira. Tendo em vista que somente formar núcleo de povoamento estava longe
de resolver questões referentes às investidas francesas que vinham em busca do
cobiçado pau-brasil. Como se fazia necessário o mais breve possível povoar esta
região, contudo a coroa portuguesa não detinha os recursos, tanto humanos como
financeiros suficientes que pudesse de imediato efetivar a ocupação do
território.
Pois a coroa encontrava-se “quebrada”
financeiramente e a população era muito escassa na época. Então a solução
encontrada para resolver o problema, foi implantar no Brasil o sistema de
Capitanias a partir de 1534, uma vez que o processo de capitanias já tinha sido
usado séculos antes na ilha da Madeira e nos Açores e tendo um resultado
positivo. Os sistemas de capitanias adotados no Brasil davam-se da seguinte
maneira: o território era dividido em grandes lotes e doado a um donatário
geralmente pertencente à nobreza portuguesa, portanto, essa doação tinha o
caráter hereditário, ou seja, de pai para filho.
Depois de doados os donatários
ficavam no dever de explorar, evidentemente com seus próprios recursos tais
capitanias recebidas já que estas foram entregues a particulares. Logicamente
que o donatário ao receber a capitania, além do direito de explorar este tinha
também o dever: dentre esses direitos estavam, todas as salinas, moendas de
água, e os engenhos existente na capitania. Era permitido escravizar os
indígenas e enviar trinta e nove anualmente a Portugal. Ficava com a vigésima
parte da renda do que fosse produzido com o pau-brasil.
Quanto ao dever ou vantagem a coroa, tinha que
doar dez por cento de tudo o que produtos da terra, vinte por cento das pedras
e metais preciosos, monopólio do pau - brasil, das drogas e especiarias. O
território brasileiro fora dividido em quinze capitanias entre doze donatários
que foram:
Maranhão, Ceará, Rio grande, Itamaracá,
Pernambuco, Bahia de todos os santos, Ilhéus, Porto seguro, Espírito santo, São
Tomé, São Vicente, Santo Amaro, e Santana. Mas foi somente a capitania de
Pernambuco e São Vicente que prosperaram doadas a Duarte Coelho e Martim Afonso
de Sousa respectivamente, pois nelas foram implantadas a cultura canavieira e a
criação de gado e também pela situação financeira dos donatários.
As demais entraram em decadência devido a
muitos fatores como a falta de recursos econômicos de alguns donatários ou
mesmo o abandono, uma vez que, muitos destes nunca vieram tomar posse de seus
lotes, e também por causa de ataques dos indígenas nos povoados, dificultando,
assim seu desenvolvimento.
O surgimento das
primeiras vilas
Com a criação das capitanias hereditárias é
que foi possível a fundação da primeira vila brasileira, a vila de São Vicente,
contudo outras vilas foram surgindo depois. Uma das características do
surgimento dessas vilas com processo de colonização é pelo fato de quase todas
tiveram sua fundação no litoral com exceção a vila de São Paulo que durante
muito tempo fora a única vila fundada no interior, em 1554. As vilas de uma
maneira geral apresentavam desenvolvimento lento logo na primeira fase da
colonização devido a imposição que a Metrópole exercia sobre sua colônia,
principalmente por se tratar de estrutura agrária o que dificultava seu
desenvolvimento. Pois era comum também o ataque de indígenas a esses núcleos de
povoamento, uma vez que o envolvimento entre brancos e índios havia mudado
desde os tempos do descobrimento.
De certo modo as primeiras vilas apresentavam
um comercio bastante pobre, poucas casas, mas nunca faltando uma Igreja no
centro de cada uma dessas vilas, por se tratar também de característica
fundamental do período colonial já que a Metrópole era absolutamente Católica,
na verdade muitas vilas e cidades surgiram a partir de uma Igreja ou capela,
existia além da Igreja a câmara, a cadeia e o pelourinho que era um marco feito
de pedra que significava autonomia da vila.
A câmara era um órgão da administração local e
sua estrutura era composta de três, dois juízes ordinários e um procurador, os
membros que compunham este órgão, então chamados oficiais da Câmara os quais
eram escolhidos entre os “os homens bons” geralmente os ricos proprietários de
terras que pertenciam as camadas mais altas da sociedade da época. Conclui-se,
portanto que os demais elementos dessa sociedade não participavam das decisões
como os comerciantes, os estrangeiros, os judeus, as mulheres e todos aqueles
que exerciam atividade manual, de todo modo não eram considerados “homens bons”
por isso não poderiam participar das decisões políticas, deixando de ter o
caráter democrático.
Cana- de - açúcar
como produto agrícola
O desenvolvimento agrícola se
tornou possível a implantação das capitanias hereditárias e como nos primeiros
momentos da colonização, os portugueses ainda haviam encontrado ouro, ou
qualquer outro tipo de metais preciosos. A saída foi justamente fazer a
exploração agrícola. E o açúcar por ser um produto com autovalor no mercado
europeu e o solo adequado e favorável, cultura da cana-de-açúcar, pois este era
produto na época mais adequado para a economia da colônia, principalmente na
capitania de São Vicente e Pernambuco que foram as duas capitanias hereditárias
que tiveram êxito na plantação de cana.
A cultura da canade-açúcar se desenvolveu na
zona costeira e mais comum no litoral do nordeste na Bahia e Pernambuco, onde
de fato se consolidaria a colonização portuguesa e por causa do solo de massapé
e o clima propicio o plantio da cana se tornou mais intenso nesses locais. As
características principais de um engenho eram as seguintes: casa grande local
onde residia o proprietário e sua família, a senzala que servia de alojamento
para os escravos e a capela destinada aos encontros religiosos. Com a
consolidação efetiva da colonização brasileira, devido a cultura canavieira ter
dado certo, surgiu no nordeste uma sociedade baseada no latifúndio, escravidão
e patriarcalismo. Latifúndio, porque as propriedades eram grandes extensões de
terra, La também se plantava a cana e produzia-se o açúcar. A posição social e
o poder de certos indivíduos praticamente dependia da posse dessas grandes
extensões de terras (latifúndio). Escravocrata, pois a sobrevivência dos
proprietários eram à custa dos escravos, somente o escravo trabalhava. Era uma
sociedade extremamente patriarcalista, ou seja, tinha autoridade absoluta sobre
todos os membros da família e todos os escravos.
O negro na América
portuguesa
A chegada dos primeiros negros na América
portuguesa aconteceu ainda no início da colonização. Já no século XVII, o
número de escravos superavam o número de brancos. No continente africano os
negros negociados e trocados por produtos como o fumo no caso o tabaco,
aguardente de cana, facões etc. depois marcados e trancados nos navios
negreiros, de La enviado ao continente americano. Onde eram vendidos como
mercadorias nos portos da Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro.
Os primeiros negos enviados para o Brasil
foram usados como escravos nas plantações de cana-de - açúcar, mineração e
posteriormente na lavoura de café. Por se tratar de uma mercadoria o negro
africano não era considerado pessoa e estava sujeito aos mais variados abusos
por parte de seu dono, podendo ele fazer o que bem entendesse com o seu
escravo. A introdução do escravo negro em terras brasileiras foi de fundamental
importância no processo de formação da nação, do contato que esses dois povos
tiveram ao longo da colonização que juntamente com os indígenas, a mestiçagem
que deu origem ao povo brasileiro. Também herdamos os aspectos culturais e
religiosos, desses povos como a dança, a música, o folclore como um todo, na
culinária, língua falada em nosso país. Quanto a religião temos a influência do
Candomblé, Umbanda dentre espalhadas pelo Brasil a fora.
O processo de consolidação de ocupação do
litoral
Os
governos gerais
Como as capitanias hereditárias
não surtiram o efeito esperado por parte do governo português e de certa forma
os pequenos núcleos de povoamento não trazia nenhuma segurança a colônia. Com o
objetivo de povoar de fato as terras do Brasil que no entender do rei faltava
nessas capitanias uma autoridade que pudesse de forma mais presente coordenar
as ações do estado nos esforços da colonização. E o sistema de governo geral de
certa forma traria para a colônia a autoridade a autoridade do rei. Então ficou
estabelecido assim, os três primeiros governadores-gerais que foram Tomé de
Sousa, Duarte da costa e Mem de Sá.
A administração de Tomé de Sousa
iniciou em 1549, com a criação da primeira cidade do Brasil Salvador, com isso
teve significativo impulso na ação colonizadora da América. O governador-geral
desembarcou em território acompanhado de mais de mil pessoas, entre
funcionários civis e militares, os missionários jesuítas e colonos. O
governador-geral distribuiu terras entre os colonos, implementou a pecuária e a
lavoura de cana-de-açúcar na Bahia. Depois mandou vir para o Brasil as
primeiras levas de africanos para trabalhar como escravo nas lavouras de cana.
No governo de Tomé de Sousa, os jesuítas
missionários tiveram um papel importantíssimo na figura do padre Manoel de
Nóbrega que se dedicaram a catequese dos indígenas e também a questão do ensino
na colônia. Em 1551, instituído o primeiro bispado em terras brasileiras. Pois
trata-se de um ponto importantíssimo para consolidar a união dos poderes
político e religioso da estrutura administrativa da colônia portuguesa na
América.
Duarte da Costa, o segundo governador-geral,
assumiu a administração em 1553 a 1558, sua administração foi marcada por
embates entre colonos e jesuítas. Os jesuítas querendo impedir a escravização
dos indígenas entraram em choque com os colonos. Entre o primeiro o primeiro
bispo, D. Pero Fernandes Sardinha e o filho de Duarte da Costa, Dom Álvaro,
ocorreu um incidente de consequências drásticas para o bispo. A censura do
bispo afetou o próprio filho do governador que criticava a agressividade e o
maus costumes de Dom Álvaro. Chamado a Lisboa o religioso seguiu num barco que
acabou naufragando, ele ainda consegue se salvar, mas foi capturado e devorado
pelos índios caetés. Para piorar a situação do governo de Duarte da Costa, teve
a invasão do Rio de Janeiro pelos franceses, que se estabeleceram em 1555,
fundando um povoamento com o nome de França Antártica.
Fora ainda nesse governo que houve a fundação
do colégio de São Paulo em 22 de janeiro de 1554. Mem de Sá, terceiro
governador geral (1558 a 1572), foi ele quem impulsionou restabelecendo e
consolidando a autoridade real na colônia e expulsando os franceses em 1567,
que ocupavam o Rio de Janeiro. Um fato importante é que os invasores franceses
uniram-se aos índios, estabelecendo uma relação cordial e insultavam estes
contra os portugueses. Seu governo esteve marcado pelo feroz combate aos índios
caetés. Logicamente tiveram outros governadores, mas esses três são de maiores
relevância para entender o período de consolidação do litoral.
Fundação das
primeiras cidades
A primeira cidade a ser fundada foi Salvador
1549, mas ao longo do processo histórico de colonização, surgiram outras
cidades como é o caso de São Sebastião do Rio de Janeiro, que em 1763, a
segunda, capita do Brasil colonial, Filipéia de nossa Senhora das Neves, atual
João Pessoa. Os locais escolhidos nem sempre eram propícios para o seu
desenvolvimento, sendo frequente a mudança de um lugar para outro mais
adequado. Com o passar do tempo naturalmente uma foi se sobrepondo a outra, no
caso São Vicente foi superada pela vila de Santos, pois tinha um melhor porto,
caso parecido aconteceu com Olinda superada por Recife, Rio de Janeiro também
foi mudado por Mem de Sá em 1 567. Depois surgiram as cidades do interior,
principalmente com a descoberta de ouro nas Minas gerais. As cidades do
interior tiveram sua criação bem diferente das que surgiram no litoral, devido
a contexto bem diferente também.
A invasão holandesa
O ano em que a Holanda invade o Brasil, já
houve a conhecida união ibérica e a Holanda proclamou sua independência da
Espanha. Nesse contexto o governo espanhol, decreta o fechamento dos portos do
Brasil e de Portugal aos navios e comerciantes holandeses. Prejudicando assim o
comercio e produção do açúcar brasileiro que haviam financiado, suas perdas
foram incalculáveis. Como tinham sidos prejudicados com o fechamento dos portos
brasileiros e portugueses os comerciantes flamengos, estavam buscando
estratégias para retomar o lucrativo comercio do açúcar do Brasil.
A capitania da Bahia fora o primeiro objetivo
mais precisamente o recôncavo baiano. Mas os preparativos da invasão foi
descoberta por espiões da coroa espanhola que mandou avisar o governo da Bahia.
Todavia os holandeses efetivaram seu objetivo e seus navios chegam em 08 de
maio de 1624, cujo seu poderio militar assustou os que viviam na região. Eles
tomaram a cidade de Salvador prenderam o governador Diogo de Mendonça Furtado,
quem assume o governo em nome dos conquistadores é Johan Van Dorth. Mas a
reação espanhola foi imediata o governo espanhol tratou de organizar forças
contra os holandeses. Organizaram uma esquadra que ficou conhecida como
“jornada dos vassalos” essa esquadra era composta de setenta navios e doze mil
homens. No comando estava Fradique de Toledo Osório, sua esquadra aportou na
Bahia em 1625, diante da sua inferioridade militar os holandeses não tiveram
outra escolha a não ser rendendo-se depois de alguns poucos combates, sendo
respeitado o direito de voltar para suas terras. As perdas com os ataques na
Bahia, a companhia das Índias ocidentais continuou fazendo pirataria ao longo
da costa brasileira, depois de evitarem combate com tropas espanholas seguiram para
a Paraíba, mas foram expulsos pelas forças portuguesas, mas os holandeses não
desistiram do comercio da companhia das índias com o Brasil. Já em 1630, chega
ao litoral de Pernambuco uma esquadra das companhias das índias composta de 67
navios, 1170 canhões e 7 000 homens. O objetivo agora era invadir o maior polo
açucareiro do nordeste, em Pernambuco e conseguiram tomar Olinda e Recife, sob
o comando holandês estava, Diederik van Waerdenburch, as tropas desembarcaram
na praia conhecida com pau amarelo e avançaram em direção a Olinda, que fora
tomada depois de muita luta. O fato é que os holandeses conseguem êxito na
invasão contra Pernambuco depois da traição de Domingos Fernandes Calabar, com
isso foi implantado o governo holandês e toda a máquina administrativa da
companhia das índias e se tornou de fato mais efetiva com a vinda com conde
Mauricio de Nassau em 1637, foi ele quem garantiu o desenvolvimento do comercio
com a políticas de incentivos aos donos de engenho, criando condições para
ampliar a produção açucareira. Realizou também obras e revitalizou a cidade de
Recife, ou seja, criou o aparato necessário de uma cidade. Mas com a saída de
Nassau da companhia das índias em 1644, os outros administradores não os mesmos
feitos de Nassau, companhia entra em crise e depois de lutas os português tomam
o controle de Pernambuco e os holandeses são expulsos definitivamente.
Portugal e Brasil sob
domínio espanhol
A união Ibérica, no qual ficou
conhecido na história, corresponde ao período em que os dois países foi
governado por um só rei. A união ibérica teve boa repercussão, tanto em
Portugal como no Brasil principalmente, porque com a união das duas coroas o
tratado de Tordesilhas, deixou de existir, pois as fronteiras estavam abertas.
Isso permitiu que os portugueses pudessem ampliar os domínios do território
colonial. Por parte dos espanhóis eles não tinham muito interesse em ocupar
terras luso-brasileiras, estavam mais voltados para com as riquezas do Peru e
da Nova Espanha. Estando sob domínio espanhol, Portugal passa a ser hostilizada
por algumas potencias da Europa, inimigas da Espanha, uma dessas potencias era
a Holanda. Para a colônia umas das consequências negativas dessa união e da
inimizade entre as duas potencias foi a invasão holandesa na Bahia e
Pernambuco. Outro fator importante desse período foi a divisão da colônia em
duas unidades administrativas, através de uma medida adotada em 1621. Foram
criados dois Estado dentro da colônia, o Estado do Maranhão com sede em São
Luís e o Estado do Brasil com sede em Salvador.
Expansão para o
interior Entradas e bandeiras
Entradas e bandeiras foram as
expedições que tornaram possíveis a expansão da colonização brasileira. Não
existia diferença muito grande entre as duas denominações, o que se sabe é a
entrada era geralmente organizada pelo Estado e as bandeiras por particulares.
Mas existiram entradas particulares e bandeiras organizadas pelo Estado. As
primeiras entradas foram organizadas logo nos primeiros anos da colonização e
tinha um caráter mais de reconhecimento da região, mas com a criação do
governo-geral tiveram outras mais importantes, saindo da Bahia, Sergipe, Ceará
e Espírito Santo que iam à busca de metais preciosos e de índios para trabalhar
como escravo. Já as bandeiras quase todas partiram de São Paulo em direção ao
sertão, mas saíram bandeiras de Taubaté, Mogi das Cruzes, dentre outros pontos
espalhados pelo Brasil. Essas viagens duravam meses ou anos para serem
concluídas e os bandeirantes estavam muitas vezes a serviço de particulares ou
do governo. As duas bandeiras mais importantes no século XVII, foram a de
Antônio Raposo Tavares em 1647 e de Fernão Dias Pais de 1674.
O ouro nas Minas
gerais
Desde o início da colonização com o nome de
entradas ou bandeiras, depois de tanto tempo de procura os sertanistas como
também eram conhecidos finalmente encontram ouro no interior da colônia
portuguesa. No ano de 1694, Bartolomeu Bueno de Siqueira encontrou as primeiras
amostras do tão sonhado ouro, na serra de Itaberaba, atual estado de Minas
Gerais. Com a descoberta do ouro a notícia logo se espalhou pelo território,
saiu da colônia e chegou até a Europa. A partir desse momento, colônia e reino
foram tomados como que uma epidemia incontrolável, conduziu milhares de pessoas
na direção das minas, em busca do metal que proporcionava riqueza fácil a quem
os encontrassem.
Tendo como consequência a
exploração do ouro, em menos de um século entre 1690 e 1680, população teve um
crescimento enorme passando de 300 mil chegando 2 500 000. O mesmo fato
acontece em Minas Gerais em finais do século XVII, 400 mil pessoas já vivem na
região. O desenvolvimento da mineração trouxe uma mudança significativa no modo
vida da colônia, principalmente do nordeste, já que a lavoura de cana havia
declinado. E muitos moradores migraram para “as gerais” em busca do ouro. Outro
fator importante foi a do tráfico negreiro que saiu do litoral para o interior,
muito dos negros usados como escravos na lavoura açucareira foram vendidos para
a região das Minas Gerais.
A sociedade mineradora, diferente da
litorânea, era basicamente urbana, uma vez que tudo funcionava em volta do
comercio do ouro. O comercio cresceu e a circulação de riquezas e mercadoria. O
tráfico de escravo intensifica-se nesse momento. Com isso a sociedade se tornou
mais complexa e diversificada, com o surgimento de novos grupos sociais. Outro
fator importante da mineração foi a integração capitanias e das regiões
brasileiras que acabou formando uma verdadeira rede de abastecimento para
servir a região mineradora. O nordeste e o sul forneciam carne de gado para a
região mineradora, do sul também vinham cavalos e mulas de carga que usados
como de transporte. De São Paulo vinham os gêneros alimentícios. Com o comercio
intenso entre a zona mineradora e as capitanias fez surgir ou favoreceu a
abertura de estradas, usados para o escoamento das mercadorias. No sistema de
administração das minas, a coroa fez publicar pelo governo do Rio de Janeiro,
antes mesmo da instalação do corpo de funcionários o regimento das minas em
1700, que nos anos seguinte tiveram algumas mudanças. Nas partes fundamentais
do regimento estava a distribuição das datas que refere a cada um dos lotes em
terrenos aurífero.
De acordo com o regimento duas datas eram
outorgadas ao descobridor da jazida, uma ficava com a coroa, outra para o
guarda-mor, funcionário responsável de todo o processo os demais lotes eram
distribuídos entre os mineradores que demonstrassem interesse em explorá-los. O
tamanho e o número de lote dependia da quantidade de escravos e a condição que
cada minerador possuía. Outro aspecto da administração eram os impostos, entre
os mais importantes estava o quinto que era pago por bateia, ou seja, estava de
acordo com a produção de cada minerador. Outra forma de imposto era quando o
ouro deixava a circunscrição da mineradora. A partir de 1719, o governo tornou
obrigatório o sistema de casa de fundição, pela qual todo ouro extraído,
pudesse circular, deveria ser transformado em barras, neste momento era cobrado
o quinto real. Em 1725, outro imposto foi instituído o chamado processo de
Derrama. O fisco estabeleceu, o total arrecadado anualmente com os quintos nas
casas de fundição deveria chegar ao mínimo de sem arrobas de ouro. Quando
superado esse total o excesso serviria para completar o pagamento do ano
seguinte. Quando as 100 arrobas não fossem atingidas, a diferença deveria ser
paga no ano seguinte. Caso a dívida persistisse seria ser declarada a Derrama,
ou seja, o total devido seria pago por toda a população da região
recorrendo-se, necessário, os sequestro de bens.
Os movimentos
nativistas e emancipacionistas no Brasil colônia Revoltas Nativistas
As revoltas nativistas caracterizavam-se como movimento de
esfera local ou regional, os interesses eram específicos de uma determinada
região. De maneira geral, buscavam as melhorias, sem contestar o sistema ou a
base social e econômico vigente.
A revolta de Beckman
1684
Revolta ocorrida no Maranhão em 1684 estava
ligada a mão de obra. A companhia de comercio do Maranhão, criada em 1682,
obteve o monopólio de comercio da região, comprometendo-se a fornecer por vinte
anos quinhentos escravos por ano e comprar a produção local para vender no
mercado europeu também abastecer os colonos com gêneros importados da Europa.
Compromete-se ainda a incentivar a produção de cravo, baunilha e cacau. Porem
os importados eram de má qualidade e os preços muito altos. Apenas parte da
produção era comprada, mesmo assim por preços baixos. A companhia também não
cumpria com regularidade o fornecimento de escravos negros. Diante desse
problema, os grandes proprietários do Maranhão liderados pelos irmãos Beckman
(Tomás e Manuel) rebelaram-se contra os abusos da companhia em 1684. Os
objetivos compreendiam o fim do monopólio e a liberdade de escravizar os
indígenas. Os revoltosos decidiram ainda, em assembleia realizada na Câmara
municipal, a exoneração do capitão-mor, a expropriação dos depósitos da
companhia e a prisão dos padres jesuítas que queriam impedir a escravização dos
indígenas. Mas a revolta foi sufocada e o novo governador recém-nomeado pela
coroa, Gomes Freire de Andrade, prendeu e enforcou os principais cabeças do
movimento, deportou outros revoltosos e o movimento fora aniquilado. Mas um dos
objetivos da revolta foi alcançado e a companhia de comercio fora extinta por
ordem real.
Revoltas Emancipacionistas
Guerra dos Emboabas
Esta outra revolta também envolvia
comerciantes e o monopólio da metrópole, assim foi a Guerra dos Emboabas.
Ocorrida em Minas Gerais entre 1708 e 1709. A corrida em busca do ouro trouxe
uma enxurrada de aventureiros e desempregados de todos os cantos da colônia e também
de Portugal. Os paulistas se opunham aos estrangeiros na busca do ouro nas
Gerais. Achavam-se com direitos maiores sobre as pessoas de fora, porque haviam
sido os descobridores das minas de ouro e segundo eles aquelas terras estavam
dentro da capitania de São Paulo. Emboaba em língua tupi quer dizer “aves de
pés cobertos de penas” era usado como termo pejorativo ao recém chegados que
usavam botas ou panos para cobrir os pés, enquanto os paulistas descalços, ai
esta razão para o apelido. Para os paulistas, emboabas eram todos os que não
fossem originários da capitania de São Paulo, incluindo os portugueses. Os
conflitos começaram em 1707, com o linchamento de chefes paulistas por
emboabas. E seguiram-se com violência nos caminhos das minas, já final de 1708,
os emboabas controlavam duas das principais áreas de mineração, Rio das Velhas
hoje Sabará e Vila Rica, os paulistas ficaram confinados à região do rio das
Mortes, atualmente São João Del Rei. Os emboabas aclamaram então Manuel Nunes
Viana com governador das Gerais, encarregou Bento do Amaral Coutinho de
expulsar os paulistas do lugar onde tinham se refugiado, depois de derrotados
se retiraram da região. Preocupada com a queda na produção aurífera devido aos
conflitos, a coroa criou a capitania real de São Paulo e Minas do Ouro, foi
perdoado os envolvidos e conseguiu a pacificação. O governo português também
atendeu as reivindicações dos mineradores, com elevação a condição de vila as
localidades de Ribeirão do Carmo, Sabará e Vila Rica.
Guerra dos Mascates
A Guerra dos Mascates fora um movimento com
caráter regionalista que aconteceu em Pernambuco em 1710. Desde o início do
século XVIII, os senhores de engenho de Pernambuco sofriam dois problemas
sérios. A produção açucareira antilhana e a concorrência holandesa. Além da
queda do preço do açúcar no mercado internacional. Do outro a elevação do preço
dos escravos, devido a grande demanda das regiões das Gerais, Esso encarecia o
açúcar do nordeste. E o endividamento foi uma consequência drástica dos senhores
de engenho com os comerciantes que além de manipular os preços das mercadorias,
emprestavam dinheiro a juros muito autos. Os conflitos entre senhores de
engenho e mascates, como eram chamados depreciativamente os comerciantes,
acabaram de configurando na rivalidade entre Olinda e Recife. Olinda sede da
capitania e da Câmara Municipal estava sob o controle dos senhores de engenho,
que impunham o pagamento de altas taxas à população de Recife, que o lugar
controlado pelos comerciantes e que embora economicamente fortes, não tinham
recebido o direito de torna-se vila. Todavia no momento em que Recife foi
elevada a categoria de vila, em 1709, tornando-se, portanto independente de
Olinda, revoltou os senhores de engenho. O governador e os comerciantes mais
ricos foram presos e os rebeldes exigiram à anulação do decreto de elevação de Recife
a vila, o tabelamento dos escravos africanos, a não hipoteca das terras dos
proprietários aos mascates por causa da dívida e também a permissão para o
comercio direto com embarcações inglesas e francesas. Contudo o governo
português nomeou um novo governante e enviou tropas para controlas a região.
Com o termino do movimento em 1712, Recife foi confirmada, como a capital de
Pernambuco.
A revolta de Vila Rica ou Revolta de Filipe dos Santos
Em 1719, foi criada a casa de
fundição pela coroa portuguesa, consistia em transformar o ouro pó em barras o
que facilitaria a cobrança do imposto por parte da metrópole. Foi justamente
por causa dessas decisões adotada pelo governo que ocorreu a revolta em 1720,
sob o comando de Filipe dos Santos Freire. Esta revolta tinha caráter
regionalista e foi motivada somente por fatores econômicos. Portanto seu
objetivo era para que fossem revogadas a proibição do ouro em pó e a extinção
das casas de fundição. No dia 22 de junho de 1720, iniciou a revolta em Vila
Rica, hoje Ouro Preto. Os revoltosos seguiram para Ribeirão do Carmo atual
Maria pressionaram o governo da região das Minas o então Dom Pedro de Almeida,
conde de Assumar, para que pudesse acatar as suas exigências. De imediato as
exigências foram cumpridas, pois o governo estava sem forças armadas e não
podia enfrentar os revoltosos. Depois que o governante adquiriu as forças
necessárias, esmagou a revolta e prendeu todos os cabeças da revolta. O líder
Filipe dos Santos foi morto e esquartejado em 16 de junho de 1720.
Revoltas Emancipacionistas
Inconfidência
mineira
As revoltas emancipacionistas tinha um caráter
bem mais radical, no sentido de que, contrariavam o poder estabelecido na
colônia. Inspirados em ideias iluministas, na revolução francesa, na
independência dos Estados Unidos da América. Em meado de 1750, a coroa
portuguesa decidiu implantar a finta que era o rendimento anual do quinto, que
deveria render no mínimo 100 arrobas. O que faltasse para atingir esse total
seria cobrado pela derrama quando rei decidisse. E isso era que aterrorizava a
capitania de Minas Gerais, tanto que a decretação da derrama era prenuncio de
violência por parte das autoridades. De um lado a opressão metropolitana, do outro,
a crise econômica com o esgotamento das lavras de ouro. Além do mais a difusão
das ideias filosóficas da Europa e a notícia da Independência dos EUA. Isso
fazia crescer o nível de consciência de alguns grupos da sociedade mineira,
como padres, literatos, funcionários e profissionais liberais. O projeto dos
conspiradores defendia a livre produção com, com o apoio ao desenvolvimento de
manufaturas têxteis e siderúrgicas, além do estimulo a produção agrícola
através de doação de terras as famílias pobres. Os conspiradores também
defendiam a liberdade comercial, eliminando qualquer tipo de monopólio. Contudo
há alguns aspectos que é valido levar em conta no processo revolucionário,
porque havia muitos interesses pessoais e isso confundiu, ou seja, os desenganos
pessoais foram confundidos com os interesses coletivos e de qualquer forma tudo
levaria os mineiros a revolução. E um interesse pessoal foi à causa da delação
dos inconfidentes ao governo português, no caso Silvério dos Reis, que
denunciou a revolta em troca de perdão das dívidas. Entre os principais
inconfidentes estavam: Claudio Manoel da Costa, Alvarenga Peixoto, Tomás
Antônio Gonzaga, Francisco Paula Freire de Andrade, José Joaquim da Silva
Xavier, Carlos Correa, Oliveira Rolim dentre outros.
A revolta fora marcada no dia em
fosse instaurada a Derrama, no ano de 1789, contudo, diante da denúncia a
derrama foi suspensa pelo governo e os revoltosos foram presos, fracassando
assim com os planos da revolta. A devassa (investigação) iniciada em Minas
Gerais durou quase três anos, encerrando-se no Rio de Janeiro. A primeira
sentença condenando 11 acusados a morte, foi modificada depois pela rainha D.
Maria I, que estabeleceu, então degredo aos dez principais conspiradores, tendo
sido condenado a morte apenas Tiradentes, que fora usado como bode expiatório.
Tido como líder da revolta pelos juízes e os outros inconfidentes era o menos
letrado e mais pobre entre os conjurados. Os religiosos que também participaram
da revolta cumpriram pena em conventos penitenciários na metrópole.
O governo de Dom João
Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates (1798)
Esta revolta foi a mais popular
que as anteriores, porque muitos alfaiates, sapateiros, bordadores,
carpinteiros, pedreiros aderiram ao movimento, por isso ficou conhecido como
“Revolta dos Alfaiates”. Os conspiradores influenciados, por ideias mais radicais
da Revolução francesa (jacobinos), planejavam de alguma forma acabar com a
escravidão e com o preconceito racial, fundar uma República Democrática que
comerciaria com todos os países. Em 12 de agosto de 1798, os revoltosos
colocaram nos muros da cidade manuscritos convidando o povo a luta e
proclamando os ideais de liberdade, igualdade, fraternidade e república. Mas
seus planos foram descobertos e a repressão agiu com rapidez, impedindo a
reunião convocada para o Campo do Dique. Foram presas 49 pessoas e sendo as
sentenças as mais variadas como exílios, açoites e pena de morte. Coube a pena
máxima a quatro soldados e alfaiates: Lucas Dantas, Luiz Gonzaga das Virgens,
João de Deus e Manoel Faustino.
A Revolução Pernambucana
Foi última revolta do período colonial, o
Brasil passava por uma situação bastante diferente dos movimentos que antecederam
com a vinda da família real o Brasil tinha passado por uma profunda
transformação. No ano de 1817, a revolta desencadeou-se em na capitania de
Pernambuco, esse movimento se deu basicamente pela crise econômica no qual
Pernambuco e o nordeste como um todo vinham passando. A revolta aconteceu em
meio a uma difusão dos ideais franceses ensinados e debatidos dentro das
entidades como o Areópago de Itambé e também no seminário de Olinda. Foi
influenciado por outros fatores como a independência das colônias espanholas,
dos Estados Unidos e as ideias de liberdade que vinham se propagando desde o
século anterior em todo o Brasil. A eclosão da revolta aconteceu quando José de
Barros Lima assassina um comandante português, rapidamente a rebelião entre os
militares e a população da capitania de Pernambuco. Os revoltosos assim que
conseguiram dominar a situação organizaram um governo provisório que entre as
providencias adotadas fora estender o movimento as demais capitanias do nordeste
e buscar o reconhecimento do novo governo no exterior. Alagoas, Ceará, Paraíba
e Rio Grande do Norte foram as capitanias para onde o movimento se expandiu.
Contudo o movimento foi duramente reprimido pelo governo de D. João. Alguns dos
líderes foram executados como Domingos José Martins, Domingos Teotônio, Jorge,
José de Barros Lima, o Padre Miguelinho dentre outros envolvidos na revolta. O
movimento ocorrido em Pernambuco não teve o êxito esperado por seus
participantes, mas contribuiu decisivamente para o processo de independia que
viria acontecer tempos mais tarde.
Brasil a caminho da independência
O Brasil chega ao século XIX, praticamente com
mesmos problemas do ponto de vista político, econômico e social. O Brasil
continuava a ser explorado pela metrópole que levava toda a riqueza produzida
na colônia.
A corte portuguesa no Brasil (1808)
A transferência da família real
portuguesa para o Brasil foi consequência da situação em que o continente
europeu estava passando nesse momento, início do século XIX, pois a política
imperialista adotada por Napoleão Bonaparte causava uma certa instabilidade
política no continente europeu. No processo de expansão do domínio do continente.
Napoleão esbarra com a Inglaterra a maior potência econômica da época e não
poderá vencer. Por isso em 1806, institui o bloqueio continental, cujo objetivo
era obrigar todas as nações da Europa continental a fecharem os seus portos ao
comercio inglês. Por meio do bloqueio continental, Napoleão pretendia
enfraquecer o comercio da Inglaterra, principalmente privando esta dos mercados
consumidores e suas fontes de abastecimento de matérias primas. Portugal nesse
momento era governado pelo príncipe regente Dom João, pois D. Maria I se
encontrava afastada por causa de sérios problemas de saúde. O príncipe regente
se encontrava em uma situação bastante difícil, fora pressionado por Napoleão
que exigia o fechamento dos portos de Portugal ao comercio inglês, como Dom
João tinha a pretensão de manter as relações comerciais com a Inglaterra tenta
adiar o quanto possível as determinações de Napoleão. Se aderisse ao bloqueio
continental Portugal em condições muito difíceis já que sua economia dependia
quase que exclusivamente do comercio inglês. Diante da situação e traves de
acordos entre as duas nações é decidido pela transferência da família real
portuguesa para a sua colônia na América, as vésperas da invasão das francesa
em Portugal. E no dia 29 de novembro, Dom João e sua família partem em direção
a colônia, é escoltada pela marinha inglesa até o litoral brasileiro que chega
no dia 22 de janeiro de 1808 na Bahia.
O governo de Dom João
A vinda ou transferência da família
representou um avanço para o Brasil, pois algumas medidas adotadas por Dom João
que de então deixava de ser colônia. Umas das principais adotada pelo governo
foi a abertura dos portos as nações amigas subentendido como sendo a
Inglaterra, também assina o alvará que permite a instalação de indústrias em
terras brasileiras. Outra medida aconteceu em 1810 quando é assinado com a
Inglaterra os tratados de aliança, do comercio e navegação, logicamente quem
saia ganhando nessa questão toda era a Inglaterra. Para receber toda a nobreza
portuguesa, o Rio de Janeiro passou por uma urbanização considerável com a
criação de escolas, academia militares, tipografia, Banco do Brasil, museu,
bibliotecas dentre outros.
O Brasil como reino
A partir de 1815 Napoleão foi definitivamente
derrotado e o congresso de Viena passa a organizar o continente europeu e
recolocando nos tronos as dinastias que o imperialismo da França havia
destronado. Para ser reconhecida a dinastia de Bragança, deveria ter o
representante da dinastia na metrópole. Mas nesta época Dom João e a maioria da
nobreza não desejam deixar o Brasil, onde haviam também criado interesses
econômicos, para retornar a Portugal que se encontrava empobrecida e devastada
pela guerra. Com o objetivo de atender as exigências do Congresso de Viena e
sem retorna a Europa, foi sugerida que o Brasil fosse elevado a categoria de
reino, pelo ministro do exterior da França Talleyrand. Então é levado a Reino
Unido de Portugal, Brasil e Algarves e com essa medida permitiu que Dom João
prolongasse a sua permanência no Brasil.
D. Pedro como
príncipe regente
Depois de algumas hesitações resolve
voltar para Portugal e parte no dia 26 de abril de 1821, deixa no Brasil seu
filho como governo regente. Nesse momento abre caminho para uma possível
separação entre colônia e metrópole. Logo depois da partida de Dom João
tornou-se muito claro a contradição no meio político da corte portuguesa que
defendiam o liberalismo em Portugal, pretendiam a recolonização do Brasil. Tais
medidas tomadas na antiga metrópole revelou-se que a burguesia portuguesa via
no restabelecimento do pacto em terras brasileiras a solução para a superação
da crise econômica que reino luso estava enfrentando.
Proclamação da independência
Quando marcaram os grandes
avanços das lutas dos patriotas centralizada com objetivo de manter o príncipe
em terras braseiras em desobediência as determinações vindas da corte. E a
mobilização tornou-se intensa e através de um manifesto com aproximadamente com
oito mil assinaturas foi entregue a D. Pero a sua permanência. No momento da
entrega abaixo-assinado José Clemente Pereira discursou e afirma que a volta do
príncipe levaria a ruptura entre Brasil e Portugal. Nesse momento tomou e
decide por ficar “dia do fico”. O general Avilês, comandante do Rio de Janeiro
fiel à corte portuguesa tentou o embarque do príncipe regente, mas foi
frustrado pela mobilização dos brasileiros que se agruparam em armas no Campo
de Santana. Em fevereiro, o comandante português era obrigado a retirar-se do
país e D. Pedro proibiu o desembarque de tropas no Rio de Janeiro para
substituir a divisão auxiliadora que retornava a Portugal. Os acontecimentos
que se desencadearam nesse período mergulharam em uma grande crise no governo e
os ministros portugueses féis as cortem se demitiram. Então o príncipe forma um
novo ministério sob a liderança de José Bonifácio, que até o momento era
vice-presidente da Junta governativa de São Paulo. No mês que se seguiram, o
governo estabelecia que qualquer determinação vinda de Portugal só poderia ser
acatada por determinações de D. Pedro. Na capitania da Bahia, desencadeava-se
numa luta entre tropas portuguesas e brasileiras. Cada vez mais ficava evidente
através das mobilizações dos brasileiros, que o país caminhava rumo a
independência. Com o objetivo de conter a decisão do príncipe as cortes tomam
algumas medidas radicais, pois declaram ilegítima a Assembleia Constituinte que
fora reunida no Brasil e tornam ilegal o governo do príncipe que deveria
retornar imediatamente a Portugal. Tais atitudes foram que levaram ao gesto
exasperado do dia 7 de setembro de 1822 antes que “algum aventureiro” o faça. A
independência do Brasil foi conduzida sem a participação da população, sob a
liderança de um príncipe português e do partido brasileiro que ocupava o
ministério. Classe dominante, ou seja, os grandes senhores de terras,
instalados no poder e que manteriam por muito tempo o controle da recém-criada
nação brasileira.
Brasil Império (1822 a 1889)
Brasil império é o período que compreende a
instalação da independência em 1822 a até a proclamação da República em 1889.
Mas o império pode ser dividido em três etapas que vai de 1822 a 1831, o
primeiro reinado, de 1831 a 1840 temos o período regencial e finalmente de 1840
a 1889 segundo reinado.
Primeiro reinado (1822-31)
Guerra de independência Em algumas regiões do
país, forças portuguesas tentaram resistir à independência do Brasil, mas foram
logo vencidas em lutas de curta duração, muito ao contrário do que ocorreram
nos demais países da América espanhola onde a guerra de independência se
perdurou por um longo período. Os maiores focos de resistência se encontravam
na Bahia e no Pará. Contra eles desencadeou-se uma luta de forças populares
locais que, mais tarde tiveram ajuda de tropas enviadas do Rio de Janeiro. Na
Bahia o movimento esteve sob a liderança de Maria Quitéria que mantiveram
encurraladas as tropas do general Madeira, definitivamente vencida com a
chegada das tropas mandadas por D. Pedro, comandadas pelo general francês
Labatut. Com a derrota dos portugueses foi estabelecido um governo fiel ao
imperador, sem a participação direta das classes populares. No Pará, o processo
ocorrido foi bem parecido, mas que terminou com uma tragédia. As classes
populares derrotaram o domínio português com a ajuda de forças navais, mandadas
do Rio de Janeiro e que eram comandadas pelo mercenário inglês Grenfell. Com
ajuda deste favoreceu a implantação de um governo fiel a D. Pedro, mas inda
impopular na província. Os paraenses se rebelaram contra o novo governo, e
contra eles o comande reprimiu com bastante violência. Trezentos patriotas
foram encarcerados, lotando os porões de navios. No sobre ele foi mandado
atirar cal viva pelas escotilhas, após o fato quase todos morreram. Depois da
reduzida resistência na província da Cisplatina as forças portuguesas foram
finalmente vencidas, em todo o país se impôs o poder centralizador do Rio de
Janeiro com a aliança das classes dominantes de cada província, ou seja, os
senhores de terras e escravos. Reconhecimento externo da independência No que se
refere as relações exteriores, o império brasileiro enfrentou primeiro lugar o
reconhecimento da independência. Pois de acordo com o Congresso de Viena,
nenhum Estado europeu poderia reconhecer a nova nação antes que Portugal. Deste
modo, em 1824, os Estados Unidos foram a primeira nação a reconhecer o brasil independente,
de acordo com a doutrina Monroe que se opunha as tentativas de recolonização
pelos europeus, nesse período teve o reconhecimento da Argentina e México. A
diplomacia inglesa desejava estabelecer relações com o império do Brasil e
pressionou Portugal para o que fizesse primeiro. Negociados pelos ingleses o
reconhecimento veio acontecer em agosto de 1825, no qual obrigava o Brasil a
pagar uma vultosa quantia de dois milhões de libras à sua ex-metrópole. A
Inglaterra como de praxe foi quem de fato lucrou com esse processo, porque
emprestou o dinheiro ao governo brasileiro. E Portugal devia aos bancos
ingleses, cuja indenização foi usada para saldar tais dividas. Logo em seguida
a Inglaterra reconheceria a independência, mais precisamente em outubro de 1825
e passava a negociar um novo tratado de comercio e amizade, assinado no mês
seguinte onde termos eram semelhantes aos tratados de 1810 no governo joanino.
Dentre acordos nos tratados de 1826 o Brasil se comprometia a abolir o tráfico
negreiro em um próximo. A Inglaterra continuou a ter exclusividade na economia
brasileira, mas que veio a mudar na década de 1820 outras nações europeias
estabeleceram relações diplomáticas e comerciais e seguida começaram a pagar a
mesma tarifa de quinze por cento que até então era exclusividade dos
comerciantes ingleses.
A Assembleia constituinte
Nos anos finais de 1822, reuniu-se a
Assembleia constituinte, liderada por componentes do partido brasileiro, representante
da aristocracia agrária e escravista entre as figuras de maior representação
estava Antônio Carlos de Andrada e Silva irmão de José Bonifácio aquele que
tinha atuado na revolução de 1817. Os trabalhos duraram aproximadamente seis
meses no qual trataram de elaborar a primeira constituição do Brasil. Contudo a
primeira carta constitucional apesar de bastante conservador não agradou o
imperador, porque limitava o poder imperial pelo Legislativo e também porque
hostilizava os portugueses. D. Pedro acaba dissolvendo a constituinte e manda
prender os deputados, tal episódio ficou conhecido como “noite da agonia”.
A constituição de 1824
Depois de dissolvida a Constituinte D. Pedro
nomeia uma comissão com intuito de elaborar uma constituição para o país. A
nova carta constitucional fortaleceu o poder imperial, como de se esperar. Era
estabelecido quatro poderes os três já conhecidos executivo, legislativo,
judiciário e o poder moderador este último a ser exercido pelo monarca e
possuía as seguintes atribuições: dissolver a Câmara dos Deputados; nomear
ministros e escolher os senadores vitalícios a partir de uma lista tríplice
apresentada por cada província. Podia ainda nomear os presidentes de
províncias, suspender juízes além dos atos dos conselhos provinciais que eram
as assembleias de cada província.
A confederação do Equador
Foi um movimento que teve início
na província de Pernambuco, que no decorrer das lutas estendeu-se a Paraíba,
Ceará, e Rio Grande Norte. Este movimento tinha o caráter separatista ainda que
por um período curto é estabelecido o sistema republicano. Assim como revolta
de 1817 que resultou de causas econômicas. A economia exportadora se encontrava
em crise e acentuava o esvaziamento da economia do nordeste, agravado ainda
pelos autos impostos cobrados pelo governo central do Rio e Janeiro. Junto
vinha também uma solução em aumentar a autonomia das províncias e diminuir
poder central. A revolta teve como centro a província de Pernambuco e contou
com a participação de diversos setores da sociedade. As ideias foram amplamente
empregadas dois jornalistas que são Cipriano Barata e frei Joaquim do Amor
Divino Caneca. Cipriano Barata um velho conhecido da conjura dos Alfaiates e da
revolta de 1817 e ficou conhecido como “o homem de todas as revoluções”. Em
1823 quando dirigia os seus inúmeros jornais, A Sentinela da Liberdade na
Guarita de Pernambuco, na qual atacava violentamente o despotismo de D. Pedro,
as ameaças de recolonização. Em novembro antes que fosse instaurado o movimento
do qual defendia foi preso e na prisão permaneceu até 1830. O frei carmelita
mais conhecido por frei Caneca porque vendia canecas nas ruas de Recife quando
criança, ele também havia participado de revolta de 1817. Logo depois da prisão
de Cipriano Barata, funda o Tifis Pernambucano que atacava a carta outorgada
pelo imperador e, em especial seu caráter centralizador, pregava uma estrutura
republica e federalista para o Brasil. A revolução desencadeou-se a 2 de junho
de 1824 quando D. Pedro mandou destituir o governo de Pernambuco Manuel Pais de
Andrade grande proprietário de terras e defensor ideias e federalistas. Tendo à
frente Pais de Andrade, os revolucionários proclamaram a Confederação do
Equador, a ser formada inicialmente pelas províncias do nordeste, conclamando o
restante do Brasil a segui-las. A massa da camada mais popular também aderiu ao
movimento. Fora de Pernambuco, movimento não chegou a se consolidar e no Rio de
Janeiro e Bahia era organizada a repressão, visando liquidar o movimento, D.
Pedro contrai mais um empréstimo junto aos banqueiros ingleses com intuito de
organizar um exército e o pagamento de uma esquadra inglesa comandada pelo Lord
Thomas Cochrane. O porto de Recife foi bloqueado as tropas foram desembarcadas,
e os rebeldes enfraquecidos e sem preparo militar, foram facilmente derrotados
em algumas batalhas. Já no dia 12 d setembro de 1824 a cidade de Recife era
ocupada e partes da cidade foram incendiadas entregas a saques, violações e
vinganças. Enquanto que Pais de Andrade conseguia asilo em um navio inglês frei
Caneca e outros líderes tentavam resistir no interior. Mas, em novembro de 1824
foram derrotados e presos. Nos tribunais militares foram extremamente
rigorosos, decretados, portanto inúmeras condenações à morte. Frei Caneca foi executado
em janeiro de 1825, ele se tornou o mártir da revolução, devia ser enforcado,
mas os executores o recusaram sendo então fuzilado.
Abdicação de D. Pedro I
No ano de 1831 crescia a oposição em toda
parte do Brasil á política do imperador, sua popularidade havia caído muito
desde a dissolução da constituinte e vinha aumentando cada vez mais. D, Pedro
passa a usar o que restava de seu prestigio pessoal para diminuir a oposição e
neste sentido realizou uma viagem a Minas Gerais acompanhado de grande parte de
sua corte. A viagem revelou-se um fracasso, além, recepção fria o encontrou em
várias partes faixas de protesto pelo assassinato Libero Badaró, um jornalista
de oposição de São Paulo e recebidos na cidade de Barbacena com toques de sino
de finados. Sabendo dos acontecimentos os portugueses do Rio de Janeiro
realizaram grandes festividades para receber o imperador, mas a festa resultou
em grandes conflitos entre portugueses e brasileiros, esses movimentos
aconteceram nos dias 12 e 13 de março que ficaram conhecidos como noite das
garrafadas. Depois de vários acontecimentos D. Pedro decide na madrugada de 7
de abril 1831 e entrega ao major Frias e Vasconcelos o ato de sua abdicação em
favor seu filho D. Pedro de Alcântara. No mesmo dia D. Pedro embarcaram no
navio que os levaria a Europa.
Período Regencial
Com a abdicação de D. Pedro I, em 7 de abril
de 1831, de certa forma consolidou a independência e abriu caminho para uma
espécie de primeira experiência republicana no Brasil, isto é, porque durante o
período regencial os regentes que ocupavam o poder executivo passaram a ser eleitos.
É neste momento que as camadas populares tentaram participar da vida política
do país, qual reivindicavam democracia e descentralização administrativa,
através de várias rebeliões, no entanto de um leve avanço liberal, o período
terminou coma vitória das forças conservadoras que predominou durante todo
segundo reinado.
As regências trinas
A regência trina provisória se
deu no momento em D. Pedro I renuncia ao trono e como o príncipe herdeiro ainda
era menor de idade, não podendo assumir o trono. Como os parlamentares se
encontravam de recesso, foi montado um governo provisório pelos poucos
parlamentares que lá se encontravam. A regência trina provisória composta por
José Carneiro de Campos, Nicolau Campos Vergueiro e Francisco de Lima e Silva.
Regência trina permanente durou de 1831 a 1835, a Assembleia imperial reunida
em junho de 1831 os três novos regentes que eram: Costa, Bráulio Muniz e
novamente Francisco de Lima e Silva. Neste período a inquietação política
tomava conta do país e o importante cargo de ministro da justiça confiado ao
Diogo Antônio Feijó, com poderes quase ditatoriais, o novo ministro também
tinha permissão de manter um jornal para defender, principalmente suas posições
políticas.
Reforma Constitucional ou Ato Adicional de 1834
No ano de 1834, os moderados
mantinham-se no poder, mas os seus adversários, os liberais, exaltados mesmo
derrotados nas rebeliões, ainda possuíam bastante força em várias parte do
Brasil, o que tornou a agitação política maior no decorrer do período regencial.
O ato adicional propunha algumas mudanças na constituição de 1824. Visando
manter-se no poder, os moderados fizeram mudanças de caráter mais liberal e
federalista. Foi promulgado o ato adicional em agosto de 1834 estabelecendo
criação de município neutro, abolição do Conselho de Estado que assessorava o
governo imperial, criação de uma Regência Una a serem eleita a cada quatro anos
e a substituição dos conselhos provinciais de reduzidos poderes por assembleias
legislativas provinciais.
A Regência Uma
Em 1835 é realizado pela primeira vez para a
escolha de um representante do poder executivo no Brasil. Quem vence é o padre
Diogo Antônio Feijó que derrota se adversário Antônio Holanda Cavalcanti. Em
1836, ao ser empossado o novo regente, a situação do era drástica. No Pará
desencadeava-se a Cabanagem, um movimento insurrecional de base popular duraria
muito tempo. A guerra dos farrapos também agitavam o Rio Grande do Sul e também
na Bahia um levante de escravos, reprimido rapidamente apavorava muito as classes
dominantes, nesse sentido a inquietação política causaria em outros movimentos.
Revoltas Provinciais
Para se entender as muitas revoltas no período
regencial é valido analisar os vários aspectos tanto econômicos, políticos e
sociais. Na segunda metade do período regencial, eclodiram muitas revoltas com
ampla participação popular, em alguns casos chegaram a ameaçar o sistema
monárquico. Se analisadas em termos gerais as camadas populares livres, as
vezes aliada a grupos oligárquicos, desejavam mudanças mesmo que não definissem
de forma objetiva se seria uma sociedade nova.
Cabanagem (1835-40)
Em fins do ano de 1834 a 1840, a província do
Grão-Pará foi agitada por uma revolução apoiada pela população pobre, mestiços
e índios que moravam em cabanas nas margens dos rios da região. A luta pela
independência na província teve caráter popular, e além da libertação
reivindicavam a distribuição de terras e o fim da escravatura. Essas
reivindicações eram dirigidas contra a classe dominante formada por grandes
senhores de terras e comerciantes portugueses de Belém. A pressão das massas
sobre os governadores nomeados pelo Rio de Janeiro tornou-se mais frequente.
Com intuito de controlar a situação, os governadores passaram a utilizar
violenta repressão, em especial o recrutamento de elementos rebeldes mandados
para regiões distantes e eram enquadrados na rígida disciplina do Exercito e da
Marinha. A revolta iniciou praticamente em fins de 1834, onde a rebelião dos
Cabanos se se radicalizou em janeiro de 183, quando os rebelados tomam a cidade
de Belém, executaram o governador e outras autoridades. Entre os lideres
estavam o Batista Campos, Eduardo Nogueira Angelim e os irmãos Francisco e
Antônio Vinagre. Saindo vitoriosos os Cabanos no governo Felix Malcher, que
adotou uma política bastante moderada preocupando-se em prestar fidelidade ao
governo central e esquecendo as reivindicações populares defendidas pelos
cabanos. Diante do ocorrido desencadeou-se uma nova rebelião. Malcher foi
deposto e executado. Quem assume o comando do governo é Antônio Vinagre que, no
entanto, adota a mesma política conciliatória de Malcher. As armas foram
retomadas e chefiadas por Francisco Vinagre e Eduardo Angelim, chegaram a
proclamar a Republica e a Independência do Pará. Mas o movimento entrou em
declínio logo depois, debilitados pelos anos de luta, pelas traições e outros
problemas relacionados a doenças. Enquanto isso as forças governamentais
continuavam a chegar e com a ajuda das classes dominante locais, infligiram
derrotas sucessivas aos cabanos que resistiram com guerrilhas no interior da
província até derrota final, já no segundo reinado.
A Sabinada (1837-38)
Em 1837 a insatisfação popular desencadeou uma
revolta liderada pelo médico Francisco Sabino, figura versada n pensamento
político francês. O levante iniciou em Salvador em 7 de novembro de 1837 e teve
como estopim o recrutamento forçado para as tropas a serem mandadas para lutar
contra os Farrapos no sul do país. Assim como na Conjura dos Alfaiates foi
proclamada a Republica Baiense, que deveria durar até a maioridade do futuro D.
Pedro II. A reação do governo foi extremamente rápida, organizada pelos
latifundiários que logo receberam ajuda do governo central. Assim como em
outros movimentos, preparo militar dos militares era deficiente. Salvador fora
cercado por mar e por terra, foi tomada pelas forças do governo depois de
intensos combates. Morreram aproximadamente duas mil pessoas e o número de
presos chegou a três mil, uma boa parte da cidade foi incendiada. Foram
condenados a morte seis líderes e a prisão outros tantos, mandados para
degredo.
A Balaiada (1838-41)
Revolta que aconteceu no Maranhão e teve
início em 13 de dezembro de 1838, tinha como causa insatisfação popular contra
o mandonismo dos grandes latifundiários, agitação liberal das camadas medias
contra os abusos da oligarquia. Na década de 1830, o Maranhão possuía um
contingente populacional de 200 mil habitantes, sendo que 90 mil eram de
escravos. Os trabalhadores livres eram geralmente vaqueiros sertanejos das
grandes fazendas do interior. Entre os anos de 1838 a 1841, a província do
Maranhão foi palco de uma série de lutas das camadas populares contra o
mandonismo dos grandes latifundiários no qual faziam de sua vontade a lei,
oprimindo negos forros, brancos pobres, e a reduzida camada media. Na origem do
movimento se tem a agitação liberal dos chamados BemTe-Vis, que eram elementos
da camada media e lutavam contra os abusos da oligarquia local. De uma agitação
passou a ser um movimento popular, com o aparecimento de vários grupos armados
que atuavam juntos e separados. Dentre esses grupos o mais importante era
liderado por fabricante de balaio (cestos), Manuel Francisco dos Anjos, “O
Balaio”. No meio de toda essa luta, ocorreram fugas de um grande número de
escravos que chegaram até mesmo um quilombo nas proximidades do litoral do
Maranhão. A rebelião teve então seu auge em 1839, quando os balaios ocuparam a
cidade de Caxias, improvisaram, pois um governo que decretou o fim da guarda
nacional e expulsão dos portugueses. Contudo a organização política dos
rebeldes não evoluiu e continuaram a atuar divididos a maior parte do tempo, o
que enfraqueceu ainda mais o movimento e a repressão por parte das oligarquias,
cm a ajuda do Exército imperial sob o comando do coronel Luís Alves de Lima e
Silva, o futuro Duque de Caxias. Depois de sucessivos combates, em 1840, os
foram então derrotados e os que sobreviveram acabaram sendo anistiados por D.
Pedro II, logo que assume o trono.
Guerra dos Farrapos
(1835-45)
Revolta ocorrida no Rio Grande do Sul, qual é
considerada a mais importante do período regência. A luta dos rebeldes gaúchos
durou de 1835 a 1845 e foi favorecida pelo caráter militarizado da sociedade
rio-grandense, cujo exército foi organizado desde as lutas fronteiriças, ainda
na época da colônia do Sacramento. Os fatores econômicos sem dúvida foram
determinantes na deflagração do conflito. Pois a província pagava ao governo
imperial impostos territoriais, além de altas taxas sobre as exportações de
charque e outros derivados do gado como o couro e sebo. Outro aspecto
importante foi a concorrência do charque da região platina, mas barato por
produzido com mão de obra livre, no mercado brasileiro. O charque era usado
como alimentação de escravos e o governo central, dominado pelos latifundiários
do Centro Sul e do Norte, tendia a liberar a importação dos países platinos
prejudicando os produtores do Rio Grande do Sul. Principalmente por causa
dessas questões relacionadas aos impostos, a classe dominante gaúcha apoiou a
as ideias federalistas, visando diminuir o poder central e aumentar a autonomia
da província. Nas eleições realizadas em 1834 para a assembleia provincial, os
federalistas chamados de exaltados ou farroupilhas fizeram maioria. A partir
daí as relações da assembleia com o presidente da província nomeada pelo poder
imperial tornaram-se cada vez mais tensas, em setembro de 1835, eclodiu um
levante armado e os rebeldes, comandados por Bento Gonçalves, ocuparam Porto Alegre
e o governador é deposto. A escolha de um novo governador, nomeado pelo Rio de
Janeiro reacendeu a luta e, vitoriosos na batalha de Seival, os farroupilhas
proclamaram a Republica de Piratini em setembro de 1836. A guerra continuou e
as tropas do governo depois uma vitória na Ilha Fanfa conseguiram prender
vários chefes rebeldes, entre eles Bento Gonçalves que foi mandado preso para a
Bahia. Com a ajuda da maçonaria o líder gaúcho consegue fugir da prisão, em
setembro de 1837, regressando ao sul assume o posto de presidente da República
de Piratini. A luta dos farrapos se tornava cada vez mais popular e agora com
intuito mais audaciosos, a eles se juntando revolucionário italiano Giuseppe
Garibaldi. Em 1839 atacaram Santa Catarina onde foi proclamada a republica
Catarinense, também conhecida como Juliana, pois esta foi proclamada no mês de
julho. Depois de 1840 comas forças do governo imperial organizada iniciou uma
fase de derrotas para os farroupilhas. Em 1842 o Barão de Caxias assume a
presidência e o comando militar da província, combatendo e procurando negociar
com os revoltosos. Enquanto a luta prosseguia foram realizadas mais tarde
sintetizadas na paz de Ponche Verde no qual estabelecia anistia para os dois
lados; reconhecimento da alforria dada aos escravos que combateram ao lado dos
farroupilhas também a taxação do charque vindos da região platina.
Golpe da maioridade
Fora do poder a algum tempo, os liberais
passaram a defender o fim da regência e a decretação da maioridade de D. Pedro
II, como forma de pacificar o país. Essa seria logicamente uma forma de
desalojar os conservadores do poder, pois D. Pedro tornando-se imperador
formaria um novo ministério onde os liberais teriam maioria. A ideia de tornar
legalmente a maioridade de D. Pedro que no momento contava com apenas 14 anos
de idade levou a criação do Clube da Maioridade que além dos liberais contava
elementos conservadores e com a chamada facção palaciana que era formada por
políticos que cercavam o jovem príncipe. Na capital a campanha maiorista ganhou
força rapidamente, terminando por triunfar a 23 de julho de 1840, momento em D.
Pedro jura respeitar a constituição, perante a Assembleia do império. Tendo fim
o período em que o Brasil se torna uma república. De certa forma a maioridade
fortaleceu a monarquia, a centralização tendeu a acentuar novamente o caráter
conservador do regime. No ano de 1840 havia sido aprovada a lei Interpretativa,
em novembro de 1841, foi restaurado o Conselho de Estado, órgão que
assessoraria ao monarca formado por pessoas da classe dominante e foi
caracterizado por um forte conservadorismo.
Segundo reinado
(1840-1889)
Afirmação do Império 1840-1850 O
Segundo Reinado se estende de 1840 a 1889, caracterizado pelo governo de D.
Pedro II. Este período representa a lenta passagem do país de uma estrutura
colonial para uma nova organização socioeconômica mais moderna. Devido a sua
longa duração costuma-se dividir O Segundo Reinado em três fases.
A reinstalação da monarquia e a
afirmação do Império 1840-1850 Fase de preparação política de Pedro II e de
pacificação das lutas regenciais, de ajuste dos partidos políticos e da
introdução do sistema parlamentarista de governo.
O apogeu do Império 1850-1870 Fase de
tranquilidade política no plano interno e de vitórias em questões
internacionais.
O declínio da monarquia 1870-1889 Fase da
lenta desagregação das instituições monárquicas, do envelhecimento do Imperador
e da propaganda republicana.
A consolidação imperial
O Brasil foi governado por regentes, que
conduziram o governo até que o herdeiro atingisse a maioridade e assumisse o
trono. A regência inaugurou uma nova fase da história do Brasil Império, marcada
pela eclosão de inúmeras rebeliões sediciosas e pela reorganização das forças
políticas nacionais. Durante o primeiro reinado, 1822-1831, predominaram três
correntes políticas, organizadas em dois partidos políticos: o Partido
Brasileiro que representava os interesses dos grandes proprietários agrários e
dos liberais, com maior inserção nas camadas urbanas e o Partido Português que
representava os interesses da alta burocracia do Estado e dos comerciantes
portugueses ligados ao antigo comércio colonial. No início do período
regencial, essas forças políticas se reorganizaram e surgiram, então, dois
novos partidos: o Partido Moderado e o Partido Exaltado. Esses dois grupos
políticos no final da Regência se organizaram em partidos. O partido liberal, mais
favorável às autonomias regionais e as liberdades e o partido conservador, mais
poderoso, centralizador, ligado ao Imperador ao longo de todo o Segundo
Reinado. Os dois partidos, no entanto, estão assentados em grupos sociais
similares, ambos são constituídos por proprietários de escravos e de terras.
Portanto são contra o fim da escravidão e contra reformas realmente
democratizantes.
Partidos políticos do período imperial
O Partido Moderado Apelidado de chimangos,
passou a representar, unicamente, os interesses dos grandes proprietários
agrários. Eram defensores da escravidão; da monarquia moderada, isto é, sem
absolutismo; da preservação da unidade territorial do país, e da ampliação da
autonomia das províncias. Seus líderes mais importantes foram o padre Diogo
Feijó e Evaristo da Veiga.
O Partido Exaltado
Apelidado de farroupilhas, passou
a representar os interesses das camadas urbanas. Defendiam a ampla
descentralização do poder através da autonomia administrativa das províncias e
instauração do sistema federalista. Desejavam substituir a monarquia pelo
regime republicano. Seus principais líderes foram Cipriano Barata e Borges da
Fonseca.
O Partido Português
Apenas modificou sua denominação para Partido
Restaurador, seus membros foram apelidados de Caramurus. Os restauradores
tinham como principal objetivo articular o retorno de Pedro I ao trono
imperial. Defendiam um regime absolutista e centralizador. Seu principal líder
foi José Bonifácio de Andrada e Silva.
Os Moderados
Agora chamados de liberais, viram-se alijados
do poder com o Regresso conservador. Eles tramaram o golpe da Maioridade para
empossar D. Pedro II, mesmo este tendo apenas 15 anos. Conseguindo assim que
todo o ministério do Segundo Reinado fosse constituído pelos liberais. Desta
forma o país volta a ter um imperador, e com isso o retorno do poder moderador.
A dinâmica política imperial Em 1840, logo após o golpe da Maioridade e devido
ao acirramento das brigas políticas, ocorreram eleições extremamente violentas
e fraudulentas, foram às chamadas eleições do cacete. No entanto, a corrupção e
a violência serão marcas da política em todas as eleições do Segundo Reinado.
Liberais e conservadores iriam se alternar nos ministérios ao longo do Segundo
Reinado.
O grupo de sustentação do Império:
os saquaremas O partido conservador, ao longo
de todo o Império, foi mais poderoso do que o partido liberal. Dentro do grupo
do partido conservador, havia um grupo proeminente que conseguiu dá o tom da
política imperial. Eram os Saquaremas, os conservadores do estado do Rio de
Janeiro, ligados à cafeicultura escravista.
Por trás da estabilidade, o café
Mais importante do que as disputas políticas,
para se entender a estabilização política do Império, é preciso entender a
economia. Desde 1830, o café vinha sendo o principal produto de exportação do
Brasil, superando o açúcar. A partir de 1840 e 1850, as exportações aumentaram
vertiginosamente, possibilitando ampla arrecadação e amplos superávits na
balança comercial. O café foi o produto que impulsionou a economia brasileira
até a década de 1930. A princípio sua plantação estava concentrada no Vale do
Paraíba (região localizada entre Rio de Janeiro e São Paulo) e depois nas zonas
de terra roxa do interior de São Paulo e do Paraná, o grão foi o principal
produto de exportação do país durante quase 100 anos. Como o Brasil detinha o
controle sobre grande parte da oferta mundial desse produto, podia facilmente
controlar os preços do café nos mercados internacionais, obtendo assim lucros
elevados. Dessa forma, tinha-se uma situação de crescimento da oferta do café
muito superior ao crescimento de sua demanda, indicando uma tendência
estrutural de baixa de preços ao longo prazo. A produção era feita em grandes
fazendas usando basicamente mão de obra escrava, contudo, no Oeste paulista
essa mão de obra foi gradualmente sendo substituída pela de imigrantes europeus.
A Praieira (1848-50)
Foi a última das revoltas
provinciais, está ligada às lutas político partidárias que marcaram o Período
Regencial. Seu fracasso representou uma demonstração de força do governo de D.
Pedro II. Teve caráter autonomista e antilusitano. Ocorrida em Pernambuco, foi
uma reação à centralização monárquica e ao jogo político entre liberais e
conservadores. Um grupo do partido liberal da província de Pernambuco não
aceitava a alternância de poder entre conservadores e liberais e formou o
partido da praia, composto por uma elite emergente da província. Os praieiros
chegaram ao poder na província e fizeram o mesmo tipo de governo que liberais e
conservadores, com a nomeação de parentes para o funcionalismo público e
licitações fraudulentas. Como os conservadores locais (gabirus) impediram que
os praieiros fossem eleitos senadores, estes entraram em confronto armado com
os gabirus. O governo imperial interferiu e suprimiu a revolta. Foi um
movimento influenciado pelas ideias liberais, pela falta de autonomia
provincial e marcado pelo repúdio à monarquia. Esse movimento contou com a
participação das camadas menos favorecidas da Província de Pernambuco,
sacrificadas pelas péssimas condições de vida, eram pequenos arrendatários,
boiadeiros, mascates e negros libertos.
Os praieiros
Como fundo socioeconômico tem-se nesse
confronto a presença da histórica rivalidade entre brasileiros e portugueses,
que dominavam o comércio na Província. Aos líderes do movimento, pertencentes à
classe dominante local, o governo imperial concedeu anistia e, com isso,
voltaram a ocupar os seus cargos públicos e a comandar os seus engenhos. Quanto
aos rebeldes das camadas sociais menos privilegiadas, estes foram condenados
sem direito a julgamento.
O auge do Império (1850-70)
No 1850, a Praieira havia sido controlada, as
exportações de café batiam recordes, a indústria brasileira dava seus primeiros
passos e a arrecadação aumentava crescentemente. As rivalidades políticas entre
o partido Liberal e Conservador não eram mais tão profundas e entre os dois
lados havia consenso entre as principais questões. Em Tal convergência de
princípios entre liberais e conservadores possibilitou finalmente, entre 1853 e
1868, o período ficou conhecido como conciliação, os dois partidos governaram
juntos. Contudo, neste ano abolia-se o tráfico internacional de escravos, fato
este que se constituiria na semente da ruína do Império, já que a principal
base de sustentação eram os proprietários escravistas.
Estrutura econômica brasileira
Durante a época colonial, a
economia brasileira, além de escravista, era voltada para a exportação de bens
valorizados no mercado europeu. Essas características continuaram essenciais na
economia imperial com as exportações de café do qual o Brasil se tornou o maior
produtor e exportador do mundo no século XIX e de outros produtos, além do
trabalho escravo.
A expansão cafeeira
Desde as primeiras décadas do
século XIX, os cafezais já começavam a se expandir, primeiro, no litoral do Rio
de Janeiro (Angra dos Reis e parati) depois para o Vale do Paraíba. Dentre os
fatores que contribuíram para tal sucesso estão às condições climáticas e
geográficas altitude, temperatura ideal e as encostas protegidas contra o
vento, em virtude de a região ser montanhosa, entretanto, o solo da região logo
foi desgastado em consequência da derrubada da floresta e as consequentes
erosões. Deste modo, apesar da prosperidade, a cultura cafeeira após poucos
decênios, entrou em decadência. Na segunda metade do século XVIII seguiram em
direção ao Oeste paulista. O Oeste paulista, apesar de cultivar café desde o
início do XIX, foi somente após 1850, que sua produtividade ganhou vulto,
passando a superar a produção do Vale do Paraíba a partir de 1880. A expansão
cafeeira não cessou após a Proclamação da República, em 1889, ao contrário, ela
continuou se expandindo no interior de São Paulo até no início do século XX, no
Paraná.
Início da economia da borracha
Na segunda metade do século XIX e
primeiras décadas do século XX, a borracha produzida na Amazônia se torna um
importante produto de exportação. Dominada por empresas estrangeiras, a
produção da borracha chegou a ser o segundo item de exportações no início do
século XX, com 28% do valor das exportações, sendo o Brasil o maior produtor
mundial no período, com 50% do mercado mundial.
O fim do tráfico 1850
O Brasil se comprometeu várias vezes a acabar
com o tráfico de escravos, mas o Estado nunca se empenhou. A Inglaterra,
interessada no fim da escravidão, e consequentemente no alargamento do mercado
brasileiro pressionava insistentemente o Brasil para pôr fim ao tráfico. Em
1845, o Parlamento britânico criou a lei Bill Alberdeen, que permitia aos
navios de guerra britânicos a apreensão de navios negreiros brasileiros. Em
1850, aprova-se a apreensão de navios negreiros inclusive em águas territoriais
brasileiras, gerando uma série de incidentes, com troca de tiros em portos,
furor nacionalista e pedidos de guerra. 400 navios negreiros brasileiros foram
capturados pelos ingleses segundo essa lei. Fruto dessa pressão britânica, em
1850, o Congresso brasileiro aprova a lei Eusébio de Queirós, que abole o
tráfico de escravos.
O fim do tráfico negreiro
O Brasil se comprometeu várias vezes a acabar
com o tráfico de escravos, mas o Estado nunca se empenhou. A Inglaterra,
interessada no fim da escravidão, e consequentemente no alargamento do mercado
brasileiro pressionava insistentemente o Brasil para pôr fim ao tráfico. Em
1845, o Parlamento britânico criou a lei Bill Alberdeen, que permitia aos
navios de guerra britânicos a apreensão de navios negreiros brasileiros. Em
1850, aprovase a apreensão de navios negreiros inclusive em águas territoriais
brasileiras, gerando uma série de incidentes, com troca de tiros em portos,
furor nacionalista e pedidos de guerra. 400 navios negreiros que foram
capturados pelos ingleses, nos princípios desta lei. Fruto dessa pressão
britânica, em 1850, o Congresso brasileiro aprova a lei Eusébio de Queirós, que
abole o tráfico de escravos.
Os empreendimentos
indústrias e as instalações das ferrovias
Muitos empresários e industriais,
dentre eles o mais rico e mais conhecido, o visconde de Mauá favorecidos na época por alguns fatores como a
imposição da tarifa Alves Branco (que elevou de 15% para 30% os direitos
alfandegários e assim possibilitou uma maior dinâmica ao mercado interno
brasileiro); a abolição do tráfico negreiro (que liberou capitais até então
retidos nesse comércio) e a ascensão do café (interessaram-se pelos capitais
dos traficantes de escravos, os homens mais ricos do Brasil na época). Mauá
chegou a criar um banco de investimento para atrair esses capitais. De fato, o
fim do tráfico fortaleceu mais ainda os investimentos em indústrias e outros
empreendimentos que marcaram o auge do Império. São bancos, companhias de
navegação a vapor, seguradoras, telégrafos e principalmente as ferrovias. Nesse
momento foi criada a primeira ferrovia do Brasil em 1854, a ferrovia D. Pedro
II, muitos desses empreendimentos tinham investimentos maciços de capitais
estrangeiros principalmente ingleses.
Guerra do Paraguai (1864-70)
Os interesses sobre a região do Rio da Prata
Na raiz do conflito que culminou com a Guerra do Paraguai, encontra-se o
processo de independência das províncias da região do Prata, e principalmente
os interesses de um poderoso grupo de comerciantes do porto de Buenos Aires,
que esperavam manter a unidade da região sob seu controle, o que significava
empreender as anexações do Paraguai e do Uruguai. O Brasil já interviera na
política interna do Uruguai e Argentina com invasões militares em 1851-2,
complicando a política na região. Outra intervenção brasileira no Uruguai em
1864 colocou em perigo a saída para o mar da produção paraguaia. Querendo,
então, controlar a saída do Rio da Prata, o Paraguai invade o Brasil e a
Argentina, objetivando chegar ao Uruguai. Não se pode esquecer os interesses
externos, pois nessa ocasião o Brasil e Argentina encontravam-se plenamente
incorporados à ordem mundial, dominada pela Inglaterra, enquanto o Paraguai
seguia uma política de pouca dependência em relação ao exterior. Além disso, a
Inglaterra enfrentava problemas com o fornecimento de algodão para a suas
indústrias, em virtude da Guerra de Secessão nos Estados Unidos e buscava novos
fornecedores para a sua indústria têxtil. Nesse panorama, países como o
Paraguai, praticamente fechados ao mercado externo, eram absolutamente
contrários aos interesses ingleses. Deste modo, a Inglaterra financiou a guerra
contra o Paraguai e acabou como a principal beneficiada com a sua derrota.
Nesse sentido forma-se contra os paraguaios uma Tríplice Aliança entre Brasil,
Argentina e Uruguai que conta com o apoio inglês. O Brasil passa a lutar
sozinho a partir de 1866 e para vencer uniram-se os esforços do Exército, da
Guarda Nacional e dos Voluntários da Pátria, como ficaram conhecidos os
recrutados e os escravos com a promessa da alforria ao fim da guerra.
Consequências da guerra
O ditador paraguaio Solano Lopez
não se rendeu e isso levou a guerra a se estender ainda mais, tornando-se
extremamente nociva para os paraguaios. Cerca de 95% da população masculina
adulta do país morreu nessa guerra e 40% do território paraguaio foi anexado
por Argentina e Brasil. Morreram aproximadamente 300 mil pessoas durante a guerra.
Deve-se salientar ainda que a guerra foi a mais importante razão do atraso
econômico do Paraguai em relação aos outros países platinos, situação, aliás,
que mantém até a atualidade. No Brasil, a investida contra o Paraguai trouxe
prejuízos políticos e também custou caro, aumentando o poder do Exército e
trazendo à tona a questão da escravidão.
Desde 1850 com o fim do tráfico de escravos atlântico, tem início no país um amplo comércio de escravos internamente. Existem fluxos: interprovincial, de áreas mais decadentes como o Nordeste, para áreas mais dinâmicas, claramente o Sudeste; intraprovincial, de áreas menos dinâmicas para mais dinâmicas em uma mesma província; e interclasses: de classes inferiores para classes dominantes.
Aumentam as pressões externas
e internas pelo fim da escravidão. No
Brasil, surgem diversos grupos
abolicionistas com jornais e atos contra
a escravidão. Em São Paulo,
organizam-se os caifases na década de
1880, são homens livres que organizam
fugas escravas. Paralelamente a isso,
aumentavam drasticamente as
resistências escravas, com várias fugas,
suicídios, assassinatos de senhores e
formação de quilombos. Com o fim da Guerra do Paraguai (1870), a luta pela
abolição da escravatura ganhou o
centro dos debates políticos, produzindo
sérias agitações sociais.
Com toda essa pressão, o Congresso aprova em 1871 a Lei do Ventre Livre, que liberta os filhos de escravos. O Norte e o Nordeste, já com pouquíssimos escravos, votam maciçamente a favor e o Rio Grande do Sul e Sudeste votam amplamente contra a lei. Em 1885, aprova-se a Lei dos Sexagenários, que liberta os escravos com mais de 60 anos que eram pouquíssimos, na verdade.
O tráfico interno de cativos
Desde 1850 com o fim do tráfico de escravos atlântico, tem início no país um amplo comércio de escravos internamente. Existem fluxos: interprovincial, de áreas mais decadentes como o Nordeste, para áreas mais dinâmicas, claramente o Sudeste; intraprovincial, de áreas menos dinâmicas para mais dinâmicas em uma mesma província; e interclasses: de classes inferiores para classes dominantes.
Abolicionismo
As leis abolicionistas
Com toda essa pressão, o Congresso aprova em 1871 a Lei do Ventre Livre, que liberta os filhos de escravos. O Norte e o Nordeste, já com pouquíssimos escravos, votam maciçamente a favor e o Rio Grande do Sul e Sudeste votam amplamente contra a lei. Em 1885, aprova-se a Lei dos Sexagenários, que liberta os escravos com mais de 60 anos que eram pouquíssimos, na verdade.
A ascensão da aristocracia do Oeste
paulista e a imigração
O fim da escravidão não
representou, contudo, o declínio da
economia cafeeira. Com o crescimento
da produtividade do café no Oeste
paulista nessa mesma época, teve
início, nessa região a transição do
trabalho escravo para o trabalho livre
assalariado através da imigração
europeia. Os proprietários paulistas
passam a trazer imigrantes europeus
para trabalhar nas lavouras, com o
pagamento das viagens feito pela
província de São Paulo. Na década de
1880, as viagens passam a ser maciças.
Os imigrantes aqui chegados encontram
péssimas condições de trabalho,
próximas até daquelas encontradas
anteriormente no regime de trabalho
escravo. Outra questão se relaciona
com a falta de representação política
dos cafeicultores paulista no
centralismo monárquico, o que gerou os
anseios federalistas desse grupo.
O movimento republicano
Em 1870 surge no Rio de Janeiro
o Partido Republicano, que logo ganha
força em outros estados. Elementos
centrais do pensamento republicano
eram o federalismo e o positivismo. O
republicanismo e o positivismo vão ter
grande penetração no Exército.
A questão militar
Somente após o fim da Guerra
do Paraguai o exército brasileiro, até
então reconhecido como instituição
secundária, torna-se uma unidade
consciente de sua força e importância
para o país. Da mesma forma passam
também a se organizar politicamente e
a expressar suas opiniões políticas,
dentre elas a defesa do republicanismo.
Em virtude de tais acontecimentos,
ocorre um incidente: o imperador se
indispõe com uma série de militares
simpatizantes à abolição e ao
republicanismo que haviam deixado
claro em público essas tendências. Um
dos punidos pelo Império por estas
tendências é Deodoro da Fonseca, que
era presidente da província do Rio
Grande do Sul e foi destituído do cargo,
o que contribuiu para aumentar ainda
mais o descontentamento dos militares
com a coroa.
A questão religiosa
Como já se sabe pelo regime do
padroado, o Império brasileiro o estado
era quem pagava os padres como
funcionários públicos e interferia,
diretamente dentro dos assuntos da
Igreja, ou seja a igreja era submetida ao
estado no Brasil. D. Pedro II se coloca
contra a Igreja quando uma Bula Papal
passa a condenar a maçonaria. Bispos
brasileiros, seguindo a ordem do Vaticano, haviam suspendido
irmandades com maçons. D. Pedro II
prende estes bispos, dando princípio a
uma grande crise entre a Igreja e o
Estado e com o pedido de bispos de
separação entre Estado e Igreja. Este
fato contribuiu para afastar a Igreja do
Império num momento em que a crise
da monarquia já adquiria forma.
A abolição no Ceará e no Amazonas
Com toda a pressão interna e
externa e com a resistência escrava, a
abolição se tornará inevitável.
Primeiramente, as províncias que
praticamente não tinham mais escravos
abolem unilateralmente a escravidão. É
o caso do Ceará e da Amazonas em
1884.
A abolição
Com um afastamento provisório
do monarca, sua filha Isabel manda um
projeto para o Congresso com o fim
imediato da escravidão sem
indenizações. É aprovado e tem fim a
escravidão no país em 1888. No
entanto, a maioria dos escravos
brasileiros foi libertada pelas leis
paliativas, ou fugiram, ou compraram
sua liberdade entre 1850 e 1888. Com a
Lei Áurea, apenas 500 mil escravos são
libertados. Isso desfaz a base política
imperial e vários fazendeiros do Vale do
Paraíba viram os republicanos de 14 de
maio.
A situação dos libertos
O fim da escravidão no Brasil foi
feito gradualmente entre 1850 e 1888,
constituindo a maior transformação
social na história do Brasil. Isso não
quer dizer que esses ex-escravos
viraram pequenos proprietários ou
trabalhadores assalariados. Regimes de
trabalho opressivos similares à
escravidão prevaleceram no campo, o que fez com que muitos libertos fossem
para as cidades. Alguns abolicionistas
defendiam uma reforma agrária
complementares à abolição que dessas
terras aos libertos. Não foi adiante no
Império nem na República pela
obstinada defesa da propriedade pelos
parlamentares. Tais fatores conduziram
a um isolamento da monarquia entre os
principais grupos sociais, tanto da
aristocracia rural, como dos setores
urbanos e militares, precipitando assim
a proclamação da república.
SEGUNDA PARTE
Implantação da Republica
Só foi possível acontecer a
proclamação da república no Brasil por
causa da conjugação de forças dos
setores urbanos com os fazendeiros do
Oeste paulista e o Exército. Tal
mudança no regime não trouxe
mudanças profundas ao sistema, como
por exemplo, não houve avanços em
termos de democracia, isso fica
evidente sufrágio que, segundo os
novos critérios republicanos, fazia com
que o novo regime tivesse menos
eleitores do que na época do império.
A proclamação e os governos
militares
Diante de várias pressões por
mudanças, o Imperador manda ao
Congresso um grupo de reformas que
incluíam: a ampliação do eleitorado,
incluindo todos os alfabetizados que
trabalhassem; autonomia para os
municípios; liberdade de culto; Senado
não vitalício; aperfeiçoamento do
ensino; nova lei de terras facilitando sua
aquisição e a redução dos direitos de
exportação. Essas reformas, se
aprovadas, tornariam o regime
monárquico mais democrático e
igualitário do que acabou sendo a
Primeira República, no entanto, as tais
reformas foram barradas no Congresso
pelos senadores. O Imperador, então,
dissolveu o Congresso e antes da nova
reunião, o Império caiu.
O golpe e Republica
Com o Congresso dissolvido, o
general afastado Deodoro da Fonseca
liderou o golpe contra o Império, criou
um governo provisório (1889-91) e
convocou, em seguida, a Assembleia
Constituinte. As primeiras medidas e a
nova Constituição 1891 - Durante a
Primeira República ou República Velha,
como ficou conhecido o período entre
1889 e 1930, o Brasil foi governado por
treze presidentes. A característica mais
marcante desse período reside no fato
da predominância da oligarquia cafeeira
que exerceu o poder político a favor dos
seus próprios interesses. Logo que a
República foi proclamada, o Marechal
Deodoro tomou algumas decisões que
depois foram respaldadas pela nova
Constituição, algumas das principais
são: a adoção de federalismo, a
concessão da cidadania aos
estrangeiros residentes no Brasil, a
separação entre Estado e Igreja e a
instituição do casamento e do registro
civil.
Os governos militares
O grupo dos militares e o grupo
dos federalistas, representados no
Congresso, logo entram em confronto.
Deodoro tomou medidas autoritárias,
tentou dissolver o Congresso, mas foi
obrigado a renunciar. Seu vice, eleito
indiretamente, Floriano Peixoto (1891-
94) deveria convocar novas eleições, o
que não fez, levando a diversas revoltas
pelo país.
As Revoltas
Primeiramente, há o Manifesto
dos trezes generais em 1892 pedindo
eleições diretas para presidente.
Floriano reforma esses generais. No
ano seguinte, pelo mesmo motivo, há a
Revolta da Armada no Rio de Janeiro e
a Revolução Federalista no Sul do país,
ambas massacradas duramente.
Na consolidação da República o
Marechal de Ferro foi a alcunha
atribuída a Floriano Peixoto em virtude
de sua ação vigorosa contra as rebeliões armadas ocorridas durante o
seu governo (A Revolta da Armada e a
Revolução Federalista). Com o apoio do
Exército e do PRP (Partido Republicano
Paulista), Floriano consolidou o novo
regime, garantindo assim a sucessão
presidencial, consolidando também a
política da oligarquia cafeeira.
O impulso à industrialização
Desde a década de 1880, inicias-e no país especialmente nas cidades
do Rio e São Paulo um processo sólido
de industrialização, em função da
gradual adoção do trabalho livre e da
importação de imigrantes. Essas
indústrias receberão capital acumulado
no comércio e com a cafeicultura e elas
se restringem aos bens de consumo não
duráveis como tecidos, bebidas,
alimentos etc. Não há ainda indústrias
de bens de consumo duráveis e
indústrias de bens de capital relevantes.
A produção industrial do Distrito Federal
é mais importante do que a de São
Paulo inicialmente, isso vai se inverter
em 1920, quando a indústria paulista
supera a carioca.
A República oligárquica 1894-1930
A aliança temporária entre
militares e cafeicultores contra o Império
não durou muito, e isso porque ambos
possuíam projetos diferentes. Enquanto
os primeiros queriam melhores salários
e a ampliação dos efetivos das forças
armadas e não eram favoráveis a
autonomia dos estados, a aristocracia
rural de São Paulo e Minas Gerais
queriam garantir a supremacia política
do setor agrário-exportador, além de
estabelecer os meios tributários e
financeiros para assegurar sua
expansão. Após a saída dos militares do
poder e a chegada dos civis em 1894,
deu-se a vitória do grupo liberal e
federalista dos cafeicultores e o projeto
político deste grupo foi imposto como
um todo. Instalou-se uma república
baseada nos poderes locais e regionais,
baseada num liberalismo excludente e
autoritário, que perdurou até 1930 com
poucas modificações em seus
elementos essenciais.
A Política do café com leite
O Partido Republicano era o
maior partido do país, no entanto, ele
era dividido em partidos estaduais.
Assim existia o Partido Republicano
Paulista (PRP), o Partido Republicano
Mineiro (PRM). Esses dois estados,
Minas e São Paulo, tinham as
oligarquias mais fortes e como eram os
estados mais populosos, possuíam
também os maiores colégios eleitorais.
Assim, os líderes do PRP e PRM
passaram a se revezar na presidência
da República, na chamada política do
café com leite.
O Coronelismo
Na época imperial, os
regionalismos foram sufocados pelo
poder centralizador da monarquia. Com
a instituição da República e do
federalismo, abriu-se espaço para o
fenômeno que ficou conhecido como
coronelismo. O termo coronel vem de
uma patente da extinta Guarda
Nacional. Esses coronéis da República
Velha tinham (graças à Política dos
Governadores, que articulou os
fazendeiros desde suas localidades até
o plano federal) um poder sobre os
eleitores locais e impunham esse poder
com a ajuda de jagunços. Esse poder
local era facilitado pela inexistência
ainda da radiodifusão. Os coronéis
ganhavam algo em troca dos
governantes pelo voto em favor destes.
Havia muita fraude e muitos eleitores
fantasmas. Os governantes ainda
beneficiavam suas famílias e havia
muito nepotismo. A cidadania era
extremamente restrita.
As Rebeliões da República Velha
Após a proclamação da
república, ocorreram algumas rebeliões
em consequência das alterações
provocadas pelo capitalismo, que dentre
outras coisas, foi responsável no Brasil
pelo fim da escravidão e a ascensão da
república. A expansão do capitalismo
desestabilizou antigas formas de organização e dominação sociais,
gerando protestos contra a opressão e a
miséria, no entanto, tais movimentos
não possuíam projetos políticos
definidos e se confundiram muitas vezes
com aspirações religiosas. Tais
características explicam o isolamento e
o fracasso dessas rebeliões frente a
dura repressão do poder do Estado.
Revolta de Canudos (1893-97)
Assim como o Contestado, essa
foi uma revolta rural, contra a oligarquia
e com características messiânicas, com
uma religiosidade acentuada. Canudos,
local livre do mandonismo - Desde 1870,
o beato Antônio Conselheiro percorria o
sertão nordestino com seus fiéis
construindo instituições como igrejas,
escolas e orfanatos. Ele e seus fiéis se
instalaram em Canudos, no sertão
baiano, formando ali uma comunidade
que, em consequência das pressões
locais de civis e religiosos, decidiu
romper com o mundo exterior,
organizando uma comunidade
autônoma, com produção própria para
as suas necessidades. Neste sentido
muitos camponeses e empregados de
fazendeiros seguiram para o arraial de
Canudos e lá foram recebidos. A fuga
dessas pessoas para este local acaba
ferindo o interesse dos fazendeiros da
região, que começam a se ver sem
braços para o trabalho em suas
fazendas. Tantas pessoas para lá foram
que a cidade chegou a ter quase 30 mil
habitantes. A Igreja Católica passou a
condenar Antônio Conselheiro e os
fazendeiros pediram a intervenção
militar no local.
A repressão
Foram enviadas quatro
expedições para o local e a população
do arraial resistiu. Fez-se uma
propaganda de que se tratava de uma
resistência monarquista, o que não era
verdade. A quarta expedição com 8 mil
homens do exército massacrou com
extrema violência o arraial em 1897.
A Guerra do Contestado (1912-16)
Trata-se da maior revolta do
período, ocorreu na divisa entre os
estados do Paraná e de Santa Catarina,
em uma região contestada pelos dois
estados. Assim como Canudos, foi uma
revolta contra o mandonismo local e
também com características
messiânicas, sendo a comunidade que
promoveu a rebelião também
profundamente religiosa.
Nesse ambiente, floresceram
principalmente duas opções ideológicas
para enfrentar as duras condições de
vida: o messianismo (a crença na
salvação pelo milagre, o mito da
superação religiosa dos problemas
cotidianos) e o cangaço. Nas ações do
cangaço, grupos de pessoas invadiam e
saqueavam fazendas, lugarejos e
cidades com o uso da violência. Seu
expoente maior foi Virgulino Ferreira, o
Lampião, que atuou como líder de um
grupo cangaceiro na região entre 1920
a 1938.
A Revolta da Vacina 1904
Durante toda a segunda metade
do século XIX, a cidade do Rio de
Janeiro foi lugar de várias e terríveis
epidemias de varíola, febre amarela,
peste bubônica e cólera. Milhares de
pessoas morriam e não conseguia
erradicar essas doenças.
Rodrigues Alves (1902-6) foi
eleito presidente com o projeto de
melhorar o porto e sanear a cidade do
Rio de Janeiro. Ele indicou como
interventor da cidade (prefeito não
eleito) Pereira Passos, e o médico
sanitarista Oswaldo Cruz para resolver
o problema da saúde. A principal
reforma realizada foi a construção de
um novo e moderno porto na cidade.
Porém a reforma incluiu também a
construção de amplas avenidas,
desmontes de morros e destruição dos
cortiços. As pessoas que viviam nos
lugares onde passavam as avenidas
projetadas foram deslocadas à força. No
campo da saúde, houve uma tentativa
de desinfestação dos ratos que
multiplicavam-se pela cidade e decidiu- se pela vacinação obrigatória contra a
varíola.
A Revolta da Chibata 1910
Desde finais do século XIX, os
homens que compunham a marinha do
Brasil, eram muitas vezes recrutados à
força dentre os considerados
vagabundos. A posição destes
indivíduos dentro do corpo militar da
marinha era similar àquela dos antigos
escravos, inclusive recebendo punição
com castigos físicos, em especial, as
chibatadas. Isso leva marinheiros de
quatro navios se revoltaram, mataram
alguns de seus superiores e fizeram
exigiram, o fim dos castigos físicos e a
melhoria da alimentação recebida
melhores condições de trabalho e
aumento de salário. Sob a liderança de
um marinheiro negro, chamado João
Cândido ameaçaram bombardear a
cidade. O fim do movimento se deu
quando governo aceitou as exigências e
concedeu anistia aos revoltosos.
Terminada a rebelião, todos os
revoltosos foram presos, sendo
desconsiderada a garantia dada pelo
governo. Muitos deles morreram nas
prisões.
A Coluna Prestes (1925-26)
Duas revoltas tenentistas se
deram em São Paulo e no Rio Grande
do Sul. Os dois grupos se juntaram e
formaram a Coluna Prestes, sob
liderança do militar Luís Carlos Prestes.
Essa coluna percorreu o interior do país
lutando contra os exércitos legalistas,
obtendo seguidas vitórias. Desfez-se
logo em seguida. Os membros da
coluna defendiam o voto secreto, o fim
das fraudes eleitorais, castigo para os
corruptos a liberdade para os presos
políticos de 1922, dentre eles membros
da revolta dos 18 do forte ‘.
A semana de Arte Moderna
A semana de arte moderna tido
como um grande marco na História da
Arte e da Cultura no país aconteceu em
São Paulo e apresentou as novas tendências modernistas no campo das
artes. O grupo idealizador do evento,
inspirado nas novas tendências da arte
internacional, propunha o rompimento
com o simbolismo e o parnasianismo.
Parte desses artistas se posicionaram
contrários ao governo, produzindo
críticas à República em suas estruturas
políticas. Outra parte preferiu não
misturar arte com política e defendeu a
arte pela arte.
A classe operaria no Brasil
O surgimento da classe operaria
brasileira se deu ainda durante o
Império, mas foi na República e com o
desenvolvimento da indústria no auge
da Primeira Guerra Mundial que teve um
crescimento mais acentuado.
É primordial destacar um fato a
respeito do operariado brasileiro, desde
do surgimento até os anos 20
predominava o operariado de origem
estrangeira composta principalmente
por Italianos, portugueses, espanhóis
dentre outros. Neste sentido foram
estrangeiros que com a ideia de luta
classe para se melhores condições de
vida, é neste momento que vão surgir as
greves como por exemplo a que ocorreu
em 1917, conhecida como greve geral.
Enquanto as condições de vida
do trabalhador, não eram nenhum
pouco satisfatórias. O salário eram
muitos baixos o que não garantiam uma
vida decente com mínimas condições de
sobrevivência, o do trabalho também
não oferecia o suporte necessário para
a execução do trabalho, além do mais a
jornada de trabalho excedia as de
quatorze até dezesseis horas diárias.
Se para o homem as condições de
trabalho eram ruins, isso piora com
relação as mulheres e crianças que
trabalhavam o mesmo tanto que um
trabalhador homem e recebiam salários
bem inferiores.
O Partido Comunista
Em meio aos movimentos
anarco-sindicalistas ocorridos nos anos
20 e a disputa pela liderança do
movimento operário com as demais
facções ideológicas da época. No
entanto com o passar do tempo o cerco do governo no sentido reprimir os
movimentos operários acabaram por
enfraquecer e diminuir a influência
anarco-sindicalista.
Dentro desse contexto é que
surge o Partido Comunista fundado por
intelectuais e operários em março de
1922, contudo quatro meses depois de
sua legitimação o seu funcionamento foi
proibido. Mesmo na clandestinidade, o
Partido Comunista teve grande
influência no meio social e passou a
lidera os movimentos operários. Diante
do desgaste anarquistas e a atuação
mais efetiva do Partido comunista no
movimento sindical contribuíram
bastante para o comunistas
organizarem a união sindical e também
para a ascensão do partido ao
operariado.
No ano de 1927 o partido volta à
legalidade. Mas em agosto, devido a
chamada Lei Celeradado governo de
Washington Luís, na qual pretendia
combater o avanço do comunismo
censurava a imprensa, proibia reuniões
cortava a liberdade de pensamento e
expressão, novamente o Partido
Comunista foi posto na clandestinidade
de onde só veio a sair em 1945 com fim
do Estado Novo.
O movimento tenentista
No que diz respeito aos
movimentos sociais e políticos que
marcaram a década de 1920 que
resultaram no declínio e na derrubada
das oligarquias, ganha lugar de
destaque o movimento político militar
ligado a jovem oficialidade do Exército,
conhecido na história como Tenentismo.
A jovem oficialidade movida pelo
descontentamento generalizado com as
apodrecidas e corruptas instituições da
República oligárquica, os tenentes
iniciaram um processo de luta para
derrubar as oligarquias e assumir o
poder político.
Teve início com a Revolta do
Forte de Copacabana no dia 5 de julho
de 1922, liderado por capitães e
tenentes, que tentaram depor o
Presidente da República, Epitácio
Pessoa, o tenentismo foi o resultado de uma série de levantes militares
ocorridos na década de 1920.
Jovens oficiais reivindicavam a
redução do poder das oligarquias, a
consolidação das instituições
republicanas, o fim da corrupção
política, a centralização administrativa,
o voto secreto e a presença do Exército
no comando do país.
Para os tenentes, somente os
militares poderiam salvar o país da
degradação moral causada pelas
oligarquias. Defendiam, também, o
ensino fundamental e profissional
gratuitos, a reforma da Justiça, a
punição para os corruptos, a diminuição
dos gastos públicos, a proteção das
riquezas nacionais contra o capital
estrangeiro e o estímulo ao
desenvolvimento industrial.
A Revolução de 1930
Trata-se um movimento armado
composto pelas oligarquias dissidentes
e militares que teve origem na cisão das
antigas oligarquias. Este movimento
depôs o presidente Washington Luís e
ocasionou, em 1930, a emergência ao
poder de uma nova figura política no
cenário nacional: Getúlio Vargas. Essa
revolução marca o fim da República
Velha e de suas estruturas políticas.
Tem início a Era Vargas e com ela o
Estado passa a ser o grande
incentivador da industrialização que,
doravante, vai se tornar mais
diversificado.
A crise de 29 e o Brasil
A crise de 1929 e a depressão
dos anos 30 foram a maior crise do
capitalismo de todos os tempos. Teve
início nos EUA e teve importantes
desdobramentos no resto do mundo,
afetando todos os países capitalistas.
No Brasil a Depressão de 29 foi
responsável pela desorganização da
economia cafeeira, fato este que
conduziu o governo à política de queima
do café, isso, porém, não foi um
fenômeno unicamente brasileiro, a
França também queimou trigo, a Argentina abateu o gado e os Estados
Unidos desmontou carros nas fábricas.
O Golpe de 30
Sob um clima de desconfiança e
tensão, Júlio Prestes foi considerado
vencedor das eleições de 1930. Mesmo
com a derrota dos liberais, um golpe
armado ainda era cogitado. Com o
assassinato do liberal João Pessoa,
candidato a vice na chapa de Getúlio,
em julho do mesmo ano, o movimento
articulou a derrubada do governo
oligárquico com o auxílio de grupos
militares. Depois de controlar os focos
de resistência nos estados, A Aliança
Liberal e o grupo tenentista do Exército
chegaram ao Rio de Janeiro, em
novembro de 1930, tomou o poder,
empossando Getúlio Vargas
provisoriamente, iniciando a chamada
Era Vargas.
Getúlio ficaria por quinze
anos no poder, entre 1930 e1945 e, logo
depois, seria eleito pelo voto popular
voltando à presidência entre os anos de
1951 e 1954.
As primeiras medidas do
governo provisório após o golpe foi
instalar um governo provisório, de 1930
a 1934, chefiado por Getúlio Vargas, e
assim teve início a centralização do
político. O Congresso e as Assembleias
Legislativas estaduais foram
dissolvidos. Os tenentes, conhecidos
adversários das antigas oligarquias,
foram nomeados interventores e
encarregados de retirar do poder as
velhas oligarquias estaduais. No
entanto, apesar de ocuparem
importantes cargos no governo, os
tenentistas não demoraram a
demonstrar novamente insatisfação e a
aliança entre tenentistas e o governo
logo depois foi desfeita.
Em 1930 ainda,
Vargas reformulou a máquina do
governo, criando o Ministério do
Trabalho, Indústria e Comércio. A
questão social que antes era
considerada caso de polícia, passou a
ser questão política, tratada dentro da
esfera do Estado. Em seguida foi
publicado o Novo Código Eleitoral que
sepultaria toda a estrutura política da
República Velha. Nele, previa-se o voto secreto, o voto feminino e a
representação classista representação
de deputados eleitos pelos sindicatos de
trabalhadores e sindicatos patronais.
Outra ruptura na ação do Estado fica
clara na criação dos institutos de
planejamento e assessoramento
técnico. São eles: Instituto Brasileiro do
Café (IBC), Instituto do Açúcar e do
Álcool (IAA), Instituto Nacional do Mate
(INM), Instituto Nacional do Pinho (INP)
etc. Esses institutos eram órgãos do
Estado que deveriam planejar a
produção e assessorar os produtores,
apresentando uma nova função do
Estado perante a agricultura e o
problema da superprodução agrícola.
A Revolução constitucionalista de
1932
Os antigos oligarcas paulistas
exigiram, em 1932, um interventor
paulista e civil no governo do estado de
São Paulo. Vargas atendeu somente a
primeira exigência e São Paulo
respondeu com a Revolução
Constitucionalista de 1932 que foi
esmagada em três meses pelas forças
do governo federal. O enfrentamento
com São Paulo representou uma forte
ruptura do governo com as estruturas
políticas da República Velha. Getúlio
Vargas rompeu com os membros do
tenentismo durante a Revolução
Constitucionalista de 1932. Isso porque
os tenentes se recusaram a reprimir a
revolta paulista. O movimento tenentista
perdeu força depois disso e se dissolveu
em meios aos grandes movimentos
políticos nacionais dos anos 30.
O Governo Constitucional e os
movimentos políticos
Após o fim da Primeira Grande
Guerra, o mundo passava por grandes
transformações e mais fortemente ainda
depois da crise de 29. O mundo do entre
guerras era descrente no liberalismo,
testemunhava a ascensão das
ideologias nacionalistas fascistas e ao
mesmo tempo era polarizado entre os
fascismos e o movimento comunista
internacional. O Brasil não ficou fora dessa radicalização, por aqui surgiram
dois grandes movimentos nacionais, a
Ação Integralista Brasileira AIB, de
direita e a Aliança Nacional Libertadora
ANL, de esquerda.
O Governo Constitucional 1934-37
A nova Constituição (1934)
De acordo com o novo código
eleitoral, foi eleita em 1933 uma
Assembleia Constituinte que seria
responsável pela elaboração da terceira
Constituição brasileira, que foi
promulgada em julho de 1934. De
acordo com a nova Carta, foram
preservados o federalismo, o
presidencialismo (o próximo presidente
seria eleito indiretamente pela
Assembleia e o segundo, eleito pelo
voto direto) e a independência dos três
poderes: Executivo, Legislativo e
Judiciário.
Além disso, a nova
Constituição criou a Justiça do Trabalho,
inibiu a imigração, criou uma legislação
trabalhista, reafirmou o novo código
eleitoral, estatizou o subsolo,
nacionalizou a imprensa, instituiu o
ensino público primário obrigatório e
previu a estatização de empresas
nacionais e estrangeiras quando do
interesse da nação. Esta Constituição
teve um caráter mais nacionalista e
voltado para as questões trabalhistas.
Vargas foi eleito pelo Congresso em
1934. A legislação trabalhista - A
legislação sobre os direitos trabalhistas
estabeleceu: a regulamentação dos
sindicatos, do trabalho infantil e do
trabalho feminino; a proibição da
diferenciação salarial por sexo, idade,
nacionalidade ou estado civil; os
salários mínimos regionais; a carga
horária de trabalho de oito horas por dia;
o descanso semanal; férias anuais
remuneradas; a indenização em caso
de demissão sem justa causa; a
regulamentação das profissões e a
proibição do trabalho infantil abaixo de
14 anos.
Contudo não se pode pensar,
que os direitos trabalhistas foram
simplesmente garantidos pela boa
vontade de Vargas, sem pressão dos trabalhadores, pois esta legislação
representava velhas exigências dos
operários brasileiros, e produzia
pressões, principalmente através das
greves, para alcançar a criação dessas
leis. Uma das principais razões para a
concessão desses direitos pela classe
patronal foi a preocupação em deter a
organização do operariado que se
agrupava em torno das ideologias
anarquista e comunista. Com o intuito
de controlar os trabalhadores
organizados em grupos ou sindicatos, o
Estado forjou uma política trabalhista
que vinculava todos os sindicatos
diretamente ao Ministério do Trabalho.
A
Sindicalização controlada uma vez
atrelada ao Ministério do Trabalho,
todos os sindicatos precisavam ser
obrigatoriamente registrados nesse
ministério e por este era fiscalizado. O
governo criou um forte esquema de
controle sobre as organizações
sindicais, indicando inclusive os
presidentes dos principais sindicatos
com o objetivo de paralisar as
exigências dos trabalhadores. Os
sindicatos ou trabalhadores que não
aceitavam tais medidas eram
frequentemente perseguidos. Os
principais movimentos políticos. Desde
a promulgação da Constituinte de 1934,
o movimento tenentista que até então
tinha sido o mais forte mecanismo na
tentativa de tirar do poder as oligarquias
estaduais encontrava-se em franca
decadência. Apesar disso, o tenentismo
não havia apresentado um programa
político para reorganização do Brasil. No
vazio deixado pelo tenentismo,
emergiram novas organizações políticas
inspiradas pelos movimentos políticoideológico europeus. Além de
fortemente ideológicos esses novos
movimentos – seguiam os ideais ditos
de direita e de esquerda,
respectivamente a AIB e a ANL –
apresentavam outra novidade: ambos
possuíam projetos políticos bem
elaborados para o Brasil, ao contrário
dos antigos partidos estaduais da
República Velha e do tenentismo. A
Ação Integralista Brasileira (AIB) -
Surgiu em 1932, com a publicação do
Manifesto à Nação Brasileira feito pelo líder do movimento, Plínio Salgado, um
ex-membro do PRP. Caracterizava-se
como uma espécie de fascismo
adaptado ao Brasil, com algumas
modificações. Pregava o governo
ditatorial ultranacionalista, de um único
partido, a AIB, e obediente a um único
líder.
Defendia os valores da pátria, a
família e a propriedade e, além disso,
era anticomunista. Incluía membros da
antiga oligarquia, da alta hierarquia
militar, do alto clero e uma parcela
significativa das classes populares. Por
isso, chegou a ter 500 mil membros.
Tinha ainda a simpatia de Getúlio
Vargas e possuía integrantes do
movimento dentro do governo. De 1932
a 1935, reprimiu manifestações de
esquerda com grupos paramilitares, de
forma similar ao praticado pelo
movimento fascista italiano. A Aliança
Nacional Libertadora (ANL) surgiu como
reação à AIB e era fundamentalmente
de esquerda. Teve como seu presidente
de honra o líder tenentista depois
adepto do comunismo Luís Carlos
Prestes. O PCB se articulava dentro da
ANL. Essa organização teve muito
menos adesão numérica do que a AIB,
e possuiu no máximo cerca de 50 mil
membros. Nesse período eram
frequentes os embates nas ruas entre
partidários da AIB e da ANL. A
Insurreição Comunista de 1935
Chamada pejorativamente de
“Intentona” que quer dizer plano
insensato ou revolta frustrada, foi um
movimento surgido no interior da ANL
que tentou tomar o poder. Tinha Prestes
como líder e articulador dos setores
militares. A insurreição tomou o controle
da cidade de Natal e mobilizou forças
em Recife, Olinda e no Rio de Janeiro.
Foi facilmente debelado pelo Exército.
O Estado Novo (1937-45)
Em 1937, Getúlio Vargas
valendo-se do pretexto da ameaça
comunista no Brasil, preparou o golpe
que culminou com a instituição da
ditadura do Estado Novo. Com o golpe,
o país entrou na pior ditadura já vivida
até então. Opositores do regime, dentre
eles, inclusive, líderes de trabalhadores foram presos e torturados. A imprensa
passou a ser censurada e os direitos
básicos violados. Houve forte influência
do fascismo sobre as práticas políticas
do Estado Novo, Getúlio foi apresentado
como a encarnação viva do povo e da
nação, e assim conseguiu através da
ditadura suprimir os poderes locais e
viabilizar um projeto político realmente
nacional. Forjou-se também nesse
período, um novo modelo político: o
populismo, que deu o tom da política
brasileira até 1964.
O novo papel do Estado
O governo passou a adotar uma
postura mais centralizadora,
intervencionista e planejadora,
principalmente nos setores econômico e
administrativo. Novos impostos foram
criados, como, por exemplo, o imposto
de renda. O Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) em 1938,
com o objetivo de produzir mais
informações sobre o país. Foi criado
também o Departamento Administrativo
do Serviço Público (DASP), que
centralizava a administração pública. O
novo modelo de industrialização - O
Estado passou a adotar uma política
intervencionista e planejadora do
desenvolvimento. A legislação
trabalhista fortalecia o mercado interno.
Em 1939, Vargas organizou um plano
quinquenal com enfoque na indústria de
base prevendo uma indústria
siderúrgica, uma fábrica de aviões, a
construção de hidrelétricas, ferrovias,
uma hidrovia no vale do São Francisco
e a compra de navios e aviões de guerra
alemães. Através da criação de novas
indústrias e empresas estatais, o Estado
se tornava o principal investidor
econômico. A Segunda Guerra Mundial
iria favorecer o plano de Vargas de
industrialização e o Brasil pôde exportar
pela primeira vez na história bens
industrializada ao longo da guerra. As
estatais seguindo o plano quinquenal,
várias empresas estatais foram criadas
em áreas que não havia capital nacional
suficiente. Foi criada a Companhia Vale
do Rio Doce, em 1942, que explorava os
minérios nacionais; a Fábrica Nacional de Motores, em 1943, na cidade do Rio
de Janeiro; a indústria química Álcalis,
em 1943; a Companhia Hidrelétrica do
São Francisco, em 1945; e, finalmente,
a Companhia Siderúrgica Nacional –
CSN, em 1941, na cidade de Volta
Redonda, com empréstimos norteamericanos. A Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT) toda legislação
trabalhista, mais alguns benefícios,
como o salário mínimo nacional, de
1940, foram reunidos em 1943 na
Consolidação das Leis Trabalhistas
(CLT). Contudo, só beneficiava os
trabalhadores urbanos, os
trabalhadores rurais não gozavam dos
mesmos direitos. O Brasil na Segunda
Guerra havia dentro do governo uma
divisão entre ministros e altos
funcionários que tendiam para o Eixo e
outros que tendiam para os EUA
durante a 2a Guerra. Vargas aproximouse dos EUA após receber o empréstimo
de um banco norte-americano para a
construção da CSN e ao perceber que
poderia ser invadido por tropas daquele
país. Em 1942, o governo brasileiro
liberou a cidade de Natal e a ilha de
Fernando de Noronha para receberem
militares norte-americanos e após
perder 18 navios, declarou guerra ao
Eixo. O Brasil ajudou com matérias - primas e com a Força Expedicionária
Brasileira – FEB, corpo formado por 23
mil homens que foi lutar na Itália ao lado
dos Aliados.
A queda de Getúlio
As contradições do próprio
Estado Novo se impuseram
determinando o fim do regime. Como
explicar a incoerência de um Estado
claramente inspirado no fascismo
italiano que enviou tropas para guerra
para se empenhar na luta antifascista e
em defesa do fim do autoritarismo,
quando aqui no Brasil o mesmo regime
era dirigido por uma ditadura? Esses
fatores, aliados às questões políticas
impuseram não só a queda do regime
de ditadura como também a própria
deposição de Vargas do poder. Em
1943, com a derrota alemã em
Stalingrado, a invasão do Sul da Itália pelas tropas aliadas e a vitória sobre os
japoneses em Midway, ficou clara que a
vitória aliada na Segunda Guerra estava
próxima. Os líderes aliados passaram a
ter reuniões periódicas para decidir o
futuro da Europa e do mundo. A vitória
sobre o nazi fascismo representava a
vitória da democracia sobre as ditaduras
ultra autoritárias. Com isso, espalhamse os ventos de democratização pelo
mundo. Com as tropas brasileiras
lutando ao lado das forças democráticas
contra o fascismo, teve início uma
pressão pela democracia no Brasil.
Nesse mesmo ano de 1943, surgiu um
forte movimento de oposição a Vargas
que exigia a redemocratização do país.
Vargas promete a redemocratização
para o logo após o fim da guerra. Com o
fim desta, em 1945, houve grandes
agitações nas cidades brasileiras
pedindo o fim da ditadura e a
redemocratização. Objetivando diminuir
as pressões, Vargas concedeu anistia
aos presos políticos, inclusive ao líder
comunista Luís Carlos Prestes;
prometeu a realização de eleições para
dezembro daquele ano; acabou com a
censura à imprensa e foi permitida
também a formação de novos partidos.
O surgimento dos novos partidos
Do próprio aparato do Estado
Novo surgiram dois grandes partidos
PSD (Partido Social Democrático) e o
PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). O
primeiro era composto por grandes
proprietários rurais e era ligado a
Getúlio, foi o partido mais forte durante
a nova democracia. O PTB também
oriundo do aparato governamental era
constituído por sindicalistas e
simpatizantes da causa trabalhista. A
UDN União Democrática Nacional foi
formada por um grupo elitista assim
como o PSD, contudo, era duramente
antigetulista. Da UDN depois surgiria o
PSB Partido Socialista Brasileiro. Além
destes, o PCB voltou à legalidade.
Nesse contexto foi criado um movimento
com chamado queremismo, e defendia
a continuidade de Vargas no poder. O
PCB, inclusive o seu líder, recém-liberto
pela lei de anistia, Luís Carlos Prestes, apoiaram este movimento.
A razão do
apoio, se deve a uma orientação do
Komintern de se apoiar em todo o
mundo frentes nacionais antiimperialistas e antifascistas. Getúlio
alimentou esse movimento
discretamente ao propor uma lei
antitruste, chamada lei malaia, de junho
de 1945, que tinha um forte caráter
nacionalista e anti-imperialista.
A República que vai de 1945 a
1964 constituiu-se de certa forma em
uma continuação de algumas práticas
políticas e da lógica do Estado Novo
(1937-45). O projeto político de governo
que prevaleceu nos dois períodos foi o
populismo. Este trata-se de um
fenômeno latino-americano de meados
do século XX que, exceto por algumas
particularidades, possui algumas
características principais como por
exemplo: a manipulação das massas
trabalhadoras por líderes políticos
carismáticos, no entanto, ao mesmo
tempo, promove-se o reconhecimento
da cidadania desses trabalhadores,
havendo concessões sociais e
trabalhistas aos mesmos.
A Constituição de 1946
A Constituição de 1946 diminuiu
novamente o poder do Executivo, de
acordo com as suas determinações, os
ministros devem prestar contas ao
Legislativo e permitiu ainda, sempre que
julgado necessário, a realização das
Comissões Parlamentares de Inquérito
– as CPIs, seguindo o modelo das CPIs
norte-americanas. A carta manteve
também a legislação trabalhista do
período varguista.
O alinhamento na Guerra Fria
por decisão do presidente Dutra, o país
definiu-se no plano da política externa
como aliado dos Estados Unidos no
período da Guerra Fria. O Brasil assinou
um tratado de assistência mútua e
acordos militares com os EUA.
Seguindo a lógica do alinhamento, o
Brasil cortou relações diplomáticas com
a União Soviética e levou o PCB
novamente à ilegalidade em 1947.
A abertura econômica Dutra
recebeu de Vargas uma economia bem estruturada, saneada e com ampla
possibilidade de crescimento.
Vargas
havia criado um modelo de
desenvolvimento baseado no capital
estatal e no capital privado nacional,
com uma participação menor do capital
internacional. Seguindo a lógica do
alinhamento, Dutra abriu a economia
brasileira para as empresas
multinacionais, enfraquecendo, assim, o
empresariado nacional. Apesar disso, o
crescimento econômico no período foi
considerado altíssimo. O salário mínimo. Apesar de todo o crescimento
econômico e do desenvolvimento da
economia no período, Dutra congelou o
valor do salário-mínimo em sua gestão,
fazendo com que o mesmo se
desvalorizasse. Em 1940, valia cerca de
R$828,00 – este e todos os outros
valores são equivalentes ao valor do
Real em 2004. O salário-mínimo
retomou o seu valor no período entre
1952 e 1964, chegando ao ápice de
R$1.036,00 em 1957. Após o golpe de
1964, o salário-mínimo seria novamente
congelado por oito anos, chegando ao
final da ditadura com um valor próximo
ao atual.
Vargas volta ao poder (1951-54)
Vargas voltaria ao poder eleito
pelo voto popular em 1951, ficando no
poder por mais três anos. Ele retomou a
política de desenvolvimento autônomo
nacionalista e com amplas concessões
às classes populares. Com isso, acabou
gerando uma forte oposição ao seu
projeto de governo, dentro e fora do
país. O desfecho dessa história foi a sua
trágica saída do poder em agosto de
1954.
Vargas, que estava em exílio
político em sua cidade Natal, São Borja,
no Rio Grande do Sul, lançou-se
candidato a presidente da República em
1951 pelo PTB. Mesmo sem o apoio do
PSD, venceu as eleições. No seu
projeto nacionalista Vargas cria um
amplo projeto de desenvolvimento de
caráter fortemente nacionalista, que
priorizaria o fortalecimento do capital
nacional, confrontando-se por isso com
os interesses imperialistas internacionais, e, sobretudo, com os
norte-americanos. Nessa política, sua
principal medida foi à nacionalização do
petróleo, com a criação da Petrobrás,
em 1953.
O governo Vargas passou
também a adotar uma política externa
mais independente, o que acarretou em
retaliações do presidente norte americano, Esienhower. Este rompeu
unilateralmente o acordo de
desenvolvimento entre Brasil e Estados
Unidos concedendo somente 180
milhões de dólares dos cerca de quase
400 milhões acordados anteriormente.
Na aliança com os trabalhadores e
voltando-se para o movimento
trabalhista, Vargas pretendia reforçar a
aliança populista com os trabalhadores,
buscando com isso, reaver o apoio
popular para garantir o cumprimento do
seu programa econômico. No início de
1953, nomeou para ministro do
Trabalho político gaúcho João Goulart,
que reorganizou os sindicatos,
buscando novamente a aproximação
destes com o governo e chegou a criar
um projeto de aumento de 100% do
salário mínimo, não aceito pelo
Congresso. O BNDE - Foi criado nessa
época o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico (BNDE),
que ‘depois foi acrescido de um ‘s’ de
Social e passou a se chamar BNDES.
Este banco passou a ser, a partir de
então, um dos principais mecanismos
de investimento e desenvolvimento
brasileiros, principalmente para o capital
nacional. Para a sua atuação, utiliza
recursos da União e de impostos
trabalhistas para emprestar
financiamento para projetos de
investimento nas áreas de
desenvolvimento econômico e social.
O Governo Juscelino Kubitschek
(1956 -60)
Em 31 de janeiro de 1956,
Juscelino Kubitschek veio a assumir a
presidência da República depois de
uma conturbada eleição. Vence seu
principal adversário Juarez Távora com
36% dos votos. Contudo quase que não
assume a presidência, pois foi vítima de
golpe armado pelos conservadores ligados a UDN, mas depois de
contragolpe posto em pratica pelo
general Henrique Teixeira Lott para
garantir a posse do novo presidente.
Ao assumir a presidência, JK
estabeleceu para seu governo um
ambicioso plano de grandes
realizações, qual prometia desenvolver
o Brasil (50 anos em 5). E de fato em
seu ouve uma certa tranquilidade
política o que lhe permitiu algumas
realizações no âmbito econômico do
país.
Nesse aspecto o governo de JK
foi marcado por obras de grande porte
que dinamizaram a economia brasileira
como exemplo: estabeleceu o Plano de
Metas com objetivo de desenvolver a
economia; cria também o Grupo
Executivo da Industria Automobilística
(GEAIA); o Conselho Nacional de
Energia Nuclear; constrói as barragens
de Furnas e Três Marias para a
produção de energia elétrica; foi criado
também o Grupo Executivo da Industria
de Construção Naval (GEICON); a
Subintendência para o
Desenvolvimento da Nordeste
(SUDENE), e finamente a sua obra de
maior repercussão a construção de
Brasília a nova capital do Brasil.
Do Governo Jânio Quadros à posse
de João Goulart
As eleições de 1960
No cenário deixado por JK, em
meio à inflação e ao início das
radicalizações políticas, emergiu com
grande força política, o governador de
São Paulo, Jânio da Silva Quadros.
Quadros iniciou sua carreira política
como vereador, passando, em seguida,
a prefeito da cidade de São Paulo. No
ano de 1954, venceu as eleições, contra
o candidato da UDN, Ademar de Barros.
Em seus discursos, apresentava-se ao
público como apolítico e capacitado,
pela habilidade administrativa, de
promover uma mudança radical nos
hábitos e costumes políticos brasileiros.
Para enfrentar Jânio Quadros, os
governistas escolheram o general
Henrique Lott. Apesar de sua inexperiência política, Lott foi escolhido
candidato pela aliança eleitoral PSDPRB. A UDN, seguindo o apelo feito por
Carlos Lacerda, apoiou Jânio, o único
homem que, por seu carisma, poderia
vencer o esquema governamental,
procurando-se colocar acima das
estruturas partidárias convencionais.
Fundaram-se no período de campanha
os comitês JanJan, que faziam
campanha em favor de Jânio (para
presidente) e Jango Goulart (para vice),
este último, era o político governista,
companheiro de chapa da candidatura
do general Lott. Em 03 de outubro de
1960, Jânio Quadros foi eleito com 48%
dos votos; João Goulart foi eleito vice presidente, por uma pequena margem
de votos. A UDN, abalada pela derrota
de seu candidato à vice-presidência,
percebeu que a vitória de Jânio não era
propriamente sua e revelava a
decomposição do PSD e um protesto
contra a situação econômica e política
do país, do que um suposto entusiasmo
udenista do povo brasileiro.
O Governo Jânio Quadros 196
Seu governo lançou
prontamente um programa de combate
à inflação fortemente impopular:
reformou o sistema cambial, reduziu os
subsídios para importações e investiu
no setor exportador, com forte restrição
financeira, através da limitação de
créditos, desvalorizou a moeda,
congelou os salários e corte dos
subsídios à importação, visando o
saneamento econômico. Além disso,
Jânio contava com a simpatia do
governo dos Estados Unidos, sob a
presidência de John Kennedy, que
parecia inaugurar uma nova política
americana para a América Latina. No
entanto, o entusiasmo externo não era
acompanhado pelo interno. O rigoroso
programa anti-inflacionário encarecera
a gasolina, o pão e os transportes e
provocara a desaprovação geral de
trabalhadores, consumidores em geral e
empresários. Após seis meses de
administração, Quadros, convencido do
desgaste político provocado pelo severo
programa de estabilização, resolveu abandonar sua política de austeridade.
Jânio pretendeu combater a
insuficiência e corrupção da
administração pública de maneira
totalmente inadequada, enviava
bilhetinhos a todas as repartições,
querendo desta forma controlar o
aparelho administrador através da
imposição de sua personalidade aos
negócios públicos.
Ainda no plano
interno, Quadros, que sempre procurara
se colocar acima dos partidos, sofreu
desgaste. Jânio Quadros há pouco tinha
chegado à UDN e não se alinhava às
posições de políticos tradicionais da
UDN, como Carlos Lacerda e Ademar
de Barros. Era altamente autoritário e
conservador, tentou controlar os
sindicatos, reprimiu revolta camponesa
e prendeu estudantes. Suas campanhas
moralistas afetavam não só o pessoal
administrativo, mas também os antigos
detentores do poder. Imediatamente
após assumir o governo, deu início a
uma série de investigações sobre os
escândalos financeiros das gestões
anteriores.
Em maio de 1961, veio a
público um relatório sobre eventuais
irregularidades no trato dos fundos da
Previdência Social. Na qual, estariam
envolvidos, além do vice-presidente
João Goulart, elementos da antiga
aliança governista PSD-PTB. Além
disso, suas atitudes
desenvolvimentistas preocupavam a
UDN. As bases políticas de Jânio, no
entanto, foram definitivamente minadas
pela orientação imposta às questões
relativas aos negócios exteriores. Com
o apoio de Afonso Arinos de Melo
Franco, ministro das Relações
Exteriores procurou levar o Brasil a uma
política externa independente. Atitudes
como a defesa da não intervenção
americana em Cuba, apoio à
participação da China Comunista na
ONU e, principalmente, a condecoração
de Ernesto Che Guevara com a Ordem
do Cruzeiro do Sul irritaram os
conservadores e as Forças Armadas.
Na noite de 24 de agosto de 1961,
Carlos Lacerda, acusou o ministro da
Justiça, Oscar Pedroso d‘Horta, de
preparar um golpe, no sentido de serem
ampliados os poderes do Presidente da República.
A 25 de agosto, Jânio
submeteu sua renúncia ao Congresso,
as Forças Armadas apoiaram a
continuação de seu governo. O
Congresso, contrariando suas
expectativas, aceitou a renúncia.
A crise da renúncia e o a instituição do
parlamentarismo. No dia da renúncia de
Jânio, o vice-presidente João Goulart
encontrava se em viagem à China
comunista. De acordo com a
Constituição de 1946, Jango seria o
sucessor legal do Presidente. Na
ausência de Goulart, de acordo com o
preceito constitucional, assumiu a chefia
do governo, o então presidente da
Câmara dos Deputados. A 28 de agosto,
o Presidente interino remeteu ao
Congresso uma mensagem dos
ministros militares informando que o
retorno de João Goulart ao país seria
inconveniente à segurança nacional.
O
Congresso, entretanto, negou-se a vetar
a posse de Jango. Os ministros militares
esperavam impedir Goulart de assumir
a presidência e realizar novas eleições
no prazo de sessenta dias. O país
estava à beira da guerra civil. O Rio
Grande do Sul estava pronto para a luta.
O comandante do III Exército tinha o
apoio de Leonel Brizola, governador do
Rio Grande do Sul e cunhado de João
Goulart. Brizola também organizou
rapidamente demonstrações populares
em Porto Alegre, em apoio ao seu
conterrâneo. As dissidências na área
militar e o surgimento, na opinião
pública, de uma corrente legalista, que
defendia o direito constitucional de
Jango de assumir a Presidência,
levaram o Congresso a uma solução de
improviso para contornar a crise. A 02
de setembro de 1961, foi votado um Ato
Adicional à Constituição de 1946: foi
instaurado o sistema parlamentarista de
governo no Brasil, com poderes
limitados, Goulart tomou posse da
Presidência da República a 07 de
setembro de 1961.
Os movimentos sociais
Comando Geral dos Trabalhadores
(CGT) - Nesse período, começam a
aparecer movimentos sociais com uma maior organização das camadas
populares, em parte devido à crise
econômica do período e das perdas
salariais. Um exemplo disso é a criação
da CGT, em 1962, a primeira
organização intersindical brasileira, com
o intuito de dirigir o movimento sindical
no Brasil. Na área rural também os
trabalhadores passam a se organizar
para conseguir direitos mínimos de
trabalho. As Ligas Camponesas foram
associações de trabalhadores rurais
criadas inicialmente em Pernambuco e
posteriormente em outras regiões do
Brasil. Essas Ligas tiveram forte
atuação desde meados da década de
50, até a queda de Jango. Os principais
objetivos das Ligas eram assistenciais
(assistências médicas e jurídicas);
pregavam também a autodefesa, nos
casos de ameaças a seus membros,
como aquelas nas quais, esses eram
obrigavam deixar as terras ocupadas
sem indenização pelas benfeitorias
realizadas; fortalecer a consciência dos
direitos comuns dos trabalhadores
rurais.
Os novos ganhos dos
trabalhadores: Alguns direitos foram
conseguidos no período e adicionados à
CLT: o 13º. Salário, de 1962, o salário família, de 1963, e o Estatuto dos
Trabalhadores Rurais do mesmo ano.
Este último dava aos trabalhadores
rurais as mesmas condições
trabalhistas que os trabalhadores
urbanos. A implantação do
parlamentarismo não permitia que João
Goulart conseguisse aprovar suas
propostas políticas.
Mesmo assim,
Jango elaborou um plano de governo
voltado para três pontos fundamentais:
o desenvolvimento econômico, o
combate à inflação e a diminuição do
déficit público.
Todavia, o regime
parlamentarista impossibilitava a
articulação de uma coalizão política. A
impopularidade do parlamentarismo
acabou permitindo a antecipação do
plebiscito que decidiria qual sistema
político deveria ser adotado no Brasil.
Desta forma, em 1963, consultada, a
população brasileira votou pela volta do
sistema presidencialista. Com a volta do
presidencialismo, João Goulart
defendeu a realização de reformas que poderiam promover a distribuição de
renda por meio das chamadas
Reformas de Base.
O Brasil e período militar
Após os acontecimentos que
derrubaram o governo de Jango e tendo
fim, portanto a fase do populismo no
Brasil e inicia nesse momento outra fase
da História do país, o que alguns
estudiosos definem como anos de
“chumbo”, ou seja, é o período mais
conturbado até então da História do
Brasil.
O golpe militar de 64 inaugurou
uma nova era na história do Brasil e, em
certa medida, também para a América
Latina. Foi, até certo ponto, a mais
contundente resposta que a direita deu
à Revolução Cubana, em cujo rastro
cresceu e se radicalizou a mobilização
popular na América Latina.
Logo após o golpe, ocorrido em
1º de abril de 1964, os militares editaram
o Ato Institucional nº 1, declarando a
formação de um Comando
Revolucionário que se sobrepunha à
própria Constituição - embora
reconhecesse a vigência desta. Entre os
poderes autocon-feridos estava o de
suspender os direitos políticos de
cidadãos brasileiros por dez anos.
Estabelecido o regime de exceção, o
general Castelo Branco foi empossado
como presidente.
Quanto aos civis, que não
apenas respaldaram o golpe, mas o
exigiram, o poder lhes seria devolvido
tão logo a vida política do país fosse
depurada dos elementos indesejáveis.
Alguns políticos de renome nacional,
como Carlos Lacerda e Juscelino
Kubitschek, começaram, inclusive, a se
preparar para as eleições presidenciais,
que supostamente iriam acontecer em
1965 - ano em que expiraria o mandato
de Goulart. Contra o retorno dos civis,
trabalhavam os militares da “linha dura”,
cujo porta-voz era o ministro da Guerra,
general Artur da Costa e Silva.
Pressionado por esse grupo, Castelo
Branco viu-se forçado a editar o Ato
Institucional nº 2 (1965), que dissolveu
os partidos e implantou a eleição indireta para a presidência.
O
presidente seria, doravante, eleito pelo
Congresso Nacional.
O sucessor de Castelo Branco
foi Costa e Silva, nome imposto pela
linha dura, que assumiu em março de
1967.
As Forças Armadas
transformaram-se num partido político
que, efetivamente, passou a
monopolizar os poderes do Estado.
Enquanto isso, os militares autorizaram
a criação de apenas dois partidos: a
Aliança Renovadora Nacional (Arena),
que apoiava o regime militar, e o
Movimento Democrático Brasileiro
(MDB), de oposição consentida. Ambos
existiam apenas como fachada.
Porém, o regime de
semiabertura existente ainda permitia
mobilizações populares de protesto
contra os militares, que chegaram à
máxima intensidade em 1968, quando,
então, produziu-se a grande virada. Em
dezembro daquele ano, os militares
reagiram implantando o Ato Institucional
nº 5 (AI-5), que, finalmente, instaurou
sem disfarces a ditadura militar. Com
Emílio Garrastazu Médici (1969-1974),
consolidaram-se o regime militar
obscurantista e o terrorismo de Estado.
O AI-5 sujeitou o Legislativo e o
Judiciário ao poder Executivo e este às
Forças Armadas. Além disso, criou
condições para a total liberdade de ação
dos órgãos repressivos.
Com esse fechamento político,
os grupos de esquerda, sem
alternativas, lançaram-se à luta armada,
sendo tragicamente derrotados.
O modelo econômico
A ditadura militar brasileira, em
contraste com a longa tradição latino - americana, não se implantou para impor
a ordem e manter ou restaurar um dado
estado de coisas. Ao contrário,
remodelou a economia e a sociedade e,
quando o poder finalmente retornou aos
civis, depois de vinte anos, o Brasil não
era mais o mesmo.
Reprimindo brutalmente os
agentes da “subversão”, os militares
instalaram, mediante o terror, um clima de estabilidade favorável ao ingresso do
capital estrangeiro, acelerando-se,
assim, o processo de
internacionalização do mercado
brasileiro.
O novo modelo econômico
concretizou-se nos anos do “milagre
econômico” (1968-1973), sob comando
do Ministro da Fazenda Delfim Neto. Foi
durante esse período que a economia
brasileira passou a ter como carro-chefe
as indústrias de bens duráveis
(automóveis, geladeiras etc.). O modelo
econômico tinha como característica a
alta concentração da renda, o que
promoveu uma grande distorção do
mercado. Apenas uma minoria
altamente remunerada apresentava-se
como consumidora desses bens, de
elevado custo unitário. Ao mesmo
tempo, surgiram poderosas
organizações empresariais e, através
de fusões, nasceram grandes
estabelecimentos bancários.
O
consumismo, detonado pelas classes
de altas rendas, possibilitou o
aparecimento de redes de
supermercados, shopping centers e
ampliou consideravelmente o mercado
publicitário e a influência dos meios de
comunicação. Cabe destacar a
importância da televisão, cujas
emissoras organizaram-se em redes
para abranger todo o território nacional.
Por trás dessa expansão
econômica, entretanto, o fantasma da
inflação assombrava junto com a
inquietante elevação da dívida externa.
A crise econômica explicitou-se, de
maneira clara, a partir de 1974, com o
choque do petróleo, exatamente quando
chegava ao poder o quarto general
presidente, Ernesto Geisel.
Paralelamente, crescia o
prestígio da oposição, o MDB, cujo êxito
eleitoral foi expressivo em 1974. Dez
anos depois, a ditadura militar
terminava, melancolicamente, com o fim
do mandato de João Batista Figueiredo
(1979-1985).
Da Resistência Cultural à Guerrilha.
A vitória do golpe militar se
consolidou com o fechamento de
organizações da sociedade civil,
intervenção nos sindicatos, prisão e
exílio dos líderes considerados
“subversivos”.
Os Atos Institucionais baixados
pela ditadura concentraram todo o
poder nas mãos dos militares: tornaram
indiretas as eleições para a presidência,
autorizaram o Executivo a cassar
mandatos de parlamentares, a
suspender direitos políticos e a fechar o
Congresso quando quisesse. Os
partidos políticos foram extintos, e só
duas agremiações foram autorizadas: a
Aliança Renovadora Nacional (Arena) -
que apoiava o regime - e o Movimento
Democrático Brasileiro (MDB) – que
fazia uma oposição branda. Intelectuais
e artistas procuraram organizar
espetáculos musicais e teatrais de forte
conteúdo político para criticar o regime
e tiveram grande sucesso de público,
especialmente entre estudantes de
classe média.
“trecho extraído do
material upv professora Aline Lopes)
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/ Boris Fausto 2° ed. São Paulo: Editora
da Universidade de São Paulo:
Fundação do desenvolvimento da
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